Invasão à Ucrânia: EUA respeitam posição de Moçambique, mas rejeitam neutralidade

Invasão à Ucrânia: EUA respeitam posição de Moçambique, mas rejeitam neutralidade

A embaixadora dos EUA nas Nações Unidas disse hoje respeitar a política externa de Moçambique, mas reafirmou a posição de que não se pode ser neutral face à guerra na Ucrânia.

“Não podemos ser neutros quando há um país que ataca outro, em particular quando esse país é membro do Conselho de Segurança da ONU”, referiu, numa alusão à Rússia.

“É importante que o mundo veja isto pelo que é: um ataque à carta de princípios das Nações Unidas, à soberania de um país independente e a um vizinho. Apelamos ao mundo para ajudar a Ucrânia a defender-se”, referiu Linda Thomas-Greenfield, citada pela Lusa, em conferência de imprensa no final de uma visita de dois dias a Moçambique.

Não obstante, “as posições de Moçambique, são as posições de Moçambique”, sublinhou.

“Não pedimos aos países para tomarem partido por um lado ou escolherem entre amigos. Moçambique é um país independente e toma as suas posições”, acrescentou.

Moçambique tem-se abstido nas votações de condenação à Rússia nas Nações Unidas e assumiu em Janeiro o mandato de dois anos como membro não permanente do Conselho de Segurança.

O Chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, tem referido que a neutralidade coloca Moçambique em melhor posição de promover o diálogo.

Independentemente das diferenças, Linda Thomas-Greenfield reafirmou hoje o desejo de trabalhar em proximidade com Moçambique, sobretudo em áreas como a crise climática e segurança na África Austral.

“Trabalhamos juntos com Moçambique e com cada membro do Conselho de Segurança” porque se os países que o compõem não cooperarem, o órgão “não funciona”, frisou.

A embaixadora norte-americana esteve hoje com responsáveis pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) em Moçambique, que lhe relataram escassez de alguns produtos e subida de preços vertiginosa de noutro, como os fertilizantes, desde o início da guerra na Ucrânia.

São factores que agravam a insegurança alimentar em África, frisou, mas “os registos mostram que a Rússia exportou pelo menos tanto, senão mais trigo, depois da guerra do que antes”.

Face aos riscos globais, os EUA “apoiam a iniciativa do secretário-geral da ONU para o Mar Negro, para viabilizar mais exportações da Ucrânia e Rússia”, comentou.

“Mas apesar da iniciativa, a Rússia continua a bloquear o acesso ao Mar Negro”, dificultando o escoamento de trigo, “com grande impacto” em África, concluiu.

Antes de deixar Moçambique em direcção ao Quénia, no périplo por África, Linda Thomas-Greenfield visitou agências da ONU e considerou que o “impacto da ajuda internacional ao povo moçambicano tem sido impressionante”.

Os EUA são o maior doador de ajuda humanitária a Moçambique.

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