O novo relatório sobre liberdade religiosa da fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) considera “desastrosas” as perspectivas para Moçambique devido à violência armada em Cabo Delgado.
“As perspectivas para a liberdade religiosa continuam a ser desastrosas”, lê-se no capítulo dedicado a Moçambique, o único país lusófono assinalado no mapa de violações à livre actividade de religiões no relatório de 2023.
“Apesar da reduzida capacidade do Estado Islâmico-Moçambique para efectuar grandes ataques”, o grupo extremista “continua operacional e prossegue os seus ataques mortais”, o que faz com que a liberdade religiosa esteja “gravemente ameaçada devido à insegurança permanente”.
Cristãos e muçulmanos são visados, nota o relatório.
A fundação AIS, organização católica, aponta ainda como “motivo de preocupação” o “risco de extensão do Estado Islâmico-Moçambique aos países vizinhos, nomeadamente à Tanzânia”.
“Embora os líderes cristãos e muçulmanos continuem a denunciar a violência e a promover o diálogo inter-religioso”, o relatório considera que tal “será insuficiente se não forem abordadas as desigualdades sociais e económicas subjacentes que afectam os jovens, especialmente nas regiões mais pobres”.
“Isto é especialmente verdade nas províncias do norte, onde as empresas internacionais extraem enormes riquezas de recursos com benefícios mínimos para a economia e populações locais, fomentando um ciclo vicioso de pobreza, frustração e violência”, conclui.
No sumário executivo, a nível global, a situação de Moçambique é enquadrada num parágrafo intitulado “ascensão de califados oportunistas”.
“Gradualmente, passaram da conquista e defesa de territórios fixos para ataques de `toca e foge` com o objectivo de criar comunidades isoladas em zonas rurais mal defendidas”, descreve o documento.
“A violência islamista está presente em toda a África, mas os principais teatros de actividade `jihadista` estão concentrados no Sahel, na bacia do Lago Chade, na Somália e em Moçambique”, acrescenta. (RTP)
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