O Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa afirmou esta quinta-feira que os países ocidentais ameaçaram com sanções os Estados africanos que não se alinharam contra a Rússia na guerra na Ucrânia.
“Agora também estamos a testemunhar o continente africano a ser arrastado para conflitos muito além das nossas próprias fronteiras”, garantiu o líder sul-africano citado pela Lusa.
“Alguns países, inclusive o nosso, estão a ser ameaçados com sanções por seguirem uma política externa independente e por adotarem uma posição de não-alinhamento”, referiu Ramaphosa.
Sem se referir diretamente à atual guerra na Ucrânia, o chefe de Estado sul-africano sublinhou que os países africanos “têm memórias dolorosas de uma época em que as guerras por procuração eram travadas em solo africano por superpotências estrangeiras”.
“Não esquecemos o legado terrível e brutal de primeiro ter o nosso continente dividido e colonizado por países europeus, apenas para nos encontrarmos mais uma vez como peões num tabuleiro de xadrez durante a Guerra Fria”, declarou.
Ramaphosa afirmou que “não vamos voltar a esse período da história”, acrescentando que a África do Sul “não foi e não será arrastada para uma disputa entre potências globais”.
Segundo Ramaphosa, a África do Sul continuará a manter a sua posição de neutralidade sobre a resolução pacífica de conflitos “onde quer que esses conflitos ocorram”.
“Guiados pelas lições da nossa história, continuaremos a resistir aos apelos para abandonar a nossa política externa independente e não-alinhada”, vincou o presidente sul-africano.
No seu discurso, Ramphosa afirmou também que “algumas empresas multinacionais estão envolvidas em condutas inescrupulosas que prejudicam a saúde humana e poluem o meio ambiente”, adiantando que “em muitas partes do continente, as batalhas pelo controle dos recursos naturais da África estão a alimentar conflitos, instabilidade e terrorismo”.
De referir que após as recentes acusações dos Estados Unidos contra Pretória, o Governo sul-africano negou o envio de armas e munições para a Rússia, reiterando a sua posição de “não-alinhamento” no conflito na Ucrânia, após a ofensiva militar desencadeada pela Rússia.
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