Guerra: Abstenção de Moçambique é uma estratégia constitucional. “Está escrito”…

A abstenção de Moçambique nas Nações Unidas relativamente ao conflito russo-ucraniano obedece a um princípio constitucional, segundo o ex-Ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação entre 1994 e 2005, Leonardo Simão.

“Está escrito na Constituição: Moçambique dá a primazia a soluções negociadas de conflito. Por isso a posição de Moçambique é uma obediência à Constituição”, disse o ex-diplomata.

Simão refere que o princípio resulta da experiência de Moçambique durante anos de conflito armado, desde a luta de libertação contra o regime colonial português até à guerra civil dos 16 anos, os quais “tiveram solução a partir do diálogo”, incluindo aqueles conflitos onde a sua intervenção foi indirecta.

Mas também, o facto de Moçambique não optar por qualquer lado resulta do facto de o país estabelecer boas relações diplomáticas com as partes envolvidas no conflito referiu Simão, exemplificando com o facto de estudantes moçambicanos terem recebido formações nos países do leste europeu.

“Moçambique tem dois amigos a lutarem e, sendo o terceiro, o que tem de fazer é tentar uni-los”, considerou, frisando que “enquanto o nível de ânimos e sentimentos negativos for elevado não haverá diálogo”.

A Assembleia-Geral das Nações Unidas aprovou a 24 de Março, com a maioria de 140 votos, uma resolução responsabilizando os russos pela crise humanitária contra os ucranianos.

Dos 193 Estados-membros das Nações Unidas, a resolução, apresentada pela França e pelo México e apoiada pela Ucrânia, obteve 140 votos a favor, cinco contra e 38 abstenções, num grupo que, além de Moçambique, está Angola e Guiné-Bissau.

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