Governo tem negligenciado o desenvolvimento das zonas rurais

O director-executivo do Observatório do Meio Rural (OMR), João Mosca, critica o Estado por esquecer o campo, canalizando recursos insuficientes para o desenvolvimento da agricultura familiar favorecendo culturas de exportação.

De acordo com João Mosca, o governo tem negligenciado o financiamento do desenvolvimento das zonas e do sector produtivo rural. Depois da independência, segundo Mosca, o campo foi esquecido, ou seja, a aliança operário-camponesa nunca existiu.

“As verbas do Orçamento do Estado, embora tenham sido incrementados nos últimos dois a três anos, continuam insuficientes para a exigência colossal do desenvolvimento do sector agrário e do meio rural”, lamenta Mosca.

Para tal, a fonte acrescenta que a exiguidade dos investimentos públicos e privados e do crédito à economia rural é prova de que o sector agrário não é prioridade para o Governo e para os sistemas bancário e financeiro.

“Vê quanto se gasta com pessoal no aparelho do Estado. Mais de 60% são salários e outros custos salariais ligados ao pessoal. Vê quanto do Orçamento do Estado fica em Maputo e não vai para as províncias: mais de 60%. Onde está a reforma do Estado para reduzir, gradualmente, e segundo um certo critério, o número de funcionários públicos. O funcionalismo público leva 11% do PIB, um dos indicadores mais altos, de forma negativa, do mundo, só para funcionários públicos”, salienta Mosca.

Não obstante, o director-executivo do OMR entende que os serviços básicos de saúde, educação, rodovias e ferrovias, que poderiam elevar o nível de vida das populações rurais, também são negligenciados.

Contudo, João Mosca notou que as desigualdades sociais aumentaram e o rendimento nacional concentra-se em cada vez menor percentagem da população e a maioria está cada vez mais pobre.

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