O desenvolvimento que Moçambique espera advindo de investimento nos projectos de gás na província de Cabo Delgado estão inteiramente dependentes de um ambiente onde reinam a paz sustentável e duradoura, disse, esta terça-feira, em Maputo, o Presidente-executivo da Galp.
Segundo Andy Brown, numa primeira instância essa condição vai ajudar “às pessoas, que precisam de segurança e educação”, e a paz vê-se sempre necessária porque vai atrair investimentos em “bilhões de dólares nos empreendimentos do gás”, e, por consequência, mais emprego para as comunidades locais.
O responsável falava após a assinatura de memorandos com a organização não-governamental Helpo e a plataforma Makobo, que preveem que a petrolífera portuguesa continue a apoiar as duas entidades em projectos humanitários naquela província do norte de Moçambique, com destaque para o apoio a projectos de educação e luta contra desnutrição de menores.
A província de Cabo Delgado enfrenta uma insurgência armada desde 2017, sendo que a paz é fundamental para o desenvolvimento da região.
“Se tivermos [paz], poderemos continuar a investir muito dinheiro, o que vai promover emprego e benefícios para Moçambique”, frisou.
O valor do apoio às duas entidades não foi anunciado, mas segundo dados avançados pelo presidente da empresa, a petrolífera disponibilizou perto de um milhão de euros nos últimos três anos para projectos humanitários em Cabo Delgado.
A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada há quatro anos por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
O conflito já provocou mais de 3.100 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, de acordo com as autoridades moçambicanas.
A Galp (Portugal), a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (Moçambique) e a KOGAS (Coreia do Sul) detém, cada uma, participações de 10% no projecto de gás em Cabo Delgado.
O consórcio é liderado pela Mozambique Rovuma Venture (MRV), uma ‘joint venture’ da Exxon Mobil, Eni e CNPC (China) que detém 70% de interesse participativo no contrato de concessão.