Uma série de documentos revela como alguns países estão a actuar para alterar algumas conclusões do último relatório climático da Organização das Nações Unidas (ONU) a fim de reduzir as emissões de carbono. Da Arábia Saudita ao Brasil, todos têm algo a dizer para continuar com seus métodos de produção que emitem gases poluentes.
De acordo com a BBC, os documentos divulgados consistem em mais de 32.000 apresentações feitas por governos, empresas e outras partes interessadas à equipa de cientistas que compila um relatório da ONU destinado a reunir as melhores provas científicas sobre a forma de lidar com as alterações climáticas.
Estes relatórios de avaliação, produzidos pelo Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC), da ONU, são utilizados pelos governos para decidir que acções são necessárias para combater as alterações climáticas.
Actualmente, as propostas do IPCC são para reduzir as emissões de carbono a partir de cortes em todas e quaisquer formas de produção que emitam gases poluentes.
Existe um conjunto de países que argumenta a falta de urgência para se implementares as medidas de redução de utilização de combustíveis fósseis, como recomenda o estudo do IPCC. A maioria dos países quer ver de fora do relatório frases que indirectamente comprometem a sua produção ou importação de fósseis. Entre eles está a Arábia Saudita, Japão, Austrália e a Índia.
Sugere que “frases como ‘a necessidade de acções urgentes e aceleradas de mitigação em todas as escalas …'” ou “o foco dos esforços de descarbonização no sector de sistemas de energia deve ser a rápida mudança para fontes de carbono zero e a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis”, sejam eliminadas do relatório.
A professora Corinne le Quéré, da University of East Anglia, uma importante cientista do clima que ajudou a compilar três relatórios importantes para o IPCC disse que “não há absolutamente nenhuma pressão sobre os cientistas para aceitar os comentários”.
Além dos fósseis, o relatório sugere que se reduza o consumo de carnes
Os cientistas dizem que “as dietas à base de plantas podem reduzir as emissões de gases de efeito estufa em até 50% em comparação com a dieta ocidental com emissão intensiva média”. Brasil e Argentina argumentam dizem que isso não é verdade. Ambos os países pedem aos autores que excluam ou alterem algumas passagens do texto que se referem a “dietas à base de vegetais” que desempenham um papel no combate às mudanças climáticas, ou que descrevem a carne bovina como um alimento de “alto teor de carbono”.
Esse “lobby” levanta algumas questões para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática de 2021(COP26), que vai decorrer, em Novembro, em Glasgow, Escócia.