O número de pessoas enfrentando níveis de crise de fome ou em pior situação aumentou em 40 milhões no ano passado. O total está 22% acima do recorde registrado no ano anterior, segundo o relatório da Rede Global Contra Crises Alimentares publicado esta quarta-feira.
A aliança integrando ONGs, as Nações Unidas e a União Europeia alerta que a guerra na Ucrânia poderá piorar um cenário que já se vinha agravando a um ritmo alarmante bem antes do conflito com a Rússia.
A nova publicação citada pela agência ONU News destaca que 193 milhões de pessoas enfrentaram “segurança alimentar aguda” em 53 países ou territórios no ano passado.
Segundo o relatório, a realidade de meio milhão de pessoas requer ações maior urgência para evitar a fome e a morte em países como Etiópia, Madagáscar, Sudão do Sul e Iêmen.
Uma das constatações é que o mundo segue em direção errada, com uma alta da fome constante observada em 39 dos países ou territórios avaliados desde 2018. O estudo destaca que a guerra é o principal motor da fome, acompanhada de mudanças climáticas e choques econômicos.
António Guterres destaca que a sexta edição do relatório global deve abalar o mundo que já enfrenta uma fome em uma escala sem precedentes, recordes de preços dos alimentos e milhões de vidas e meios de subsistência que estão em jogo.
O chefe da ONU destacou que o “conflito ucraniano é mais um peso na crise tridimensional de alimentos, energia e finanças com impactos arrasadores sobre pessoas e países mais vulneráveis do mundo e suas economias”.
Para uma mudança de rumo, Guterres destaca as oportunidades oferecidas pela Agenda 2030, a Cúpula de Sistemas Alimentares da ONU e a criação do Corredor de Coordenação de Sistemas Alimentares em Roma.
Conflito ucraniano é mais um peso na crise tridimensional de alimentos, energia e finanças com impactos arrasadores sobre pessoas e países mais vulneráveis do mundo e suas economias.
Para o chefe das Nações Unidas estes são os primeiros passos para evitar grandes aumentos fome global e acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e promover a agricultura sustentável.
Nos países lusófonos, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau e Moçambique estão na lista com maiores números de afetados pela insegurança alimentar aguda nos últimos dois anos.
Em território angolano houve mais de 1 milhão de pessoas com fome que se agregou aos 35 milhões que passaram a enfrenar crise ou pior situação em um quinquénio.
Entre os eventos extremos que prejudicaram a situação alimentar em Moçambique estão tempestades tropicais, chuvas torrenciais e inundações. Cabo Verde registou o quinto ano consecutivo sem produção agrícola significativa, tal como aconteceu em diversas nações do Sahel, segundo o estudo.
Fonte: ONU News