O chefe de divisão no Departamento Africano do FMI disse ontem que Moçambique deverá continuar a recuperação económica, acelerando de 1,2% em 2021 para 3,8% este ano, apesar do ambiente económico adverso internacional.
“Em 2021, o crescimento recuperou da recessão de 1,2% em 2020, a primeira em três décadas, e cresceu 2,3%, assente num sector agrícola robusto e na recuperação do sector dos serviços; para este ano, esperamos que a economia continue a fortalecer-se, apesar do ambiente económico em deterioração, e cresça 3,8%”, disse Luc Eyraud.
Em entrevista à Lusa no seguimento das Previsões Económicas Regionais para a África subsaariana, divulgadas na semana passada em Washington no âmbito dos Encontros Anuais do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, o responsável da divisão que produz este relatório afirmou que “as autoridades geriram as políticas económicas de forma prudente” e salientou que “apesar dos choques da pandemia e dos problemas de segurança no norte do país, as pressões orçamentais foram contidas”.
O crescimento de 3,8%, num contexto de aumento das taxas de juros por parte do banco central para manter a inflação controlada, apesar de estar a dois dígitos, acontece mesmo com o aumento dos preços de importação dos combustíveis, um custo o governo decidiu passar gradualmente para os consumidores, mas lançando programas de ajuda às famílias mais vulneráveis e aos passageiros dos transportes públicos.
A médio prazo, o FMI diz que “as perspectivas são boas, com um potencial de crescimento significativo, incluindo dos grandes investimentos em gás natural liquefeito, ainda que Moçambique enfrente significativos desafios de desenvolvimento, incluindo os decorrentes das alterações climáticas”.
O FMI regressou este ano a Moçambique, depois de ter suspendido a ajuda orçamental devido ao escândalo das dívidas ocultas, em 2016, tendo em curso um programa de assistência financeira no valor de 460 milhões de dólares, cerca de 471 milhões de euros, destinado a criar margem orçamental para os investimentos do governo em capital humano, adaptação climática e infraestruturas.
O Fundo Monetário Internacional reviu em baixa a previsão de crescimento para a África subsaariana, estimando agora um crescimento de 3,6% e 3,7% neste e no próximo ano, com a inflação a subir para 14,4%.
“Na África subsaariana, a perspectiva de crescimento é ligeiramente pior que a previsão de Julho, com um declínio, de 4,7% em 2021, para 3,6% e 3,7% em 2022 e 2023, respectivamente, o que representa revisões em baixa de 0,2 e 03 pontos percentuais”, lê-se no relatório sobre as Previsões Económicas Mundiais, divulgado em Washington no âmbito dos Encontros Anuais do FMI e do Banco Mundial e citado pela Lusa.
Esta revisão em baixa “reflecte o crescimento mais baixo dos parceiros comerciais, as condições financeiras e monetárias mais restritivas e uma mudança negativa nos termos do comércio das matérias-primas”, acrescentam os economistas do FMI, que estimam um crescimento mundial de 3,2% este ano, menos 0,2 pontos percentuais que a previsão de Julho, e um abrandamento para 2,7% em 2023.
Para Moçambique, a previsão aponta para um crescimento de 3,7% este ano e 4,9% em 2023.
Deixe uma resposta