FMI prevê início da exportação do gás moçambicano pela Total e ExxonMobil em 2027 e 2029

O Fundo Monetário Internacional (FMI) antevê que os consórcios liderados pela francesa TotalEnergies e ExxonMobil comecem a produção de gás em Moçambique em 2027 e 2029, respectivamente.

O economista do departamento africano do FMI disse que o arranque terá impacto positivo no crescimento por via da produção, nas receitas fiscais e na conta corrente.

Thibault Lemaire assegura que a petrolífera francesa Total vai regressar à Cabo Delgado após a suspensão dos trabalhos devido à violência no norte do país. Disse também que a norte-americana ExxonMobil vai avançar brevemente com a Decisão Final de Investimento positiva para Moçambique.

O país “continua a enfrentar desafios significativos de desenvolvimento, nomeadamente devido à maior frequência e gravidade das catástrofes naturais relacionadas com as alterações climáticas”, disse Thibault Lemaire, nas declarações à Lusa, no seguimento da divulgação do relatório sobre as previsões para a África subsaariana, apresentando no âmbito dos Encontros da Primavera do FMI e do Banco Mundial.

Depois dos 4,1% registados em 2022, uma aceleração face aos 2,3% de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2021, já no seguimento da pior fase da pandemia, e com recuperações dos sectores da hotelaria, transportes e comunicações, o FMI espera uma aceleração da expansão económica.

“Para 2023, e no médio prazo, esperamos uma nova recuperação, o crescimento de 5% em 2023 será impulsionado pelas indústrias extractivas, incluindo o Coral South, o primeiro projecto de gás natural liquefeito”, cuja primeira exportação já foi feita no final do ano passado, apontou.

Moçambique tem três projectos de desenvolvimento aprovados para exploração das reservas de gás natural da bacia do Rovuma, classificadas entre as maiores do mundo, ao largo da costa de Cabo Delgado.

Dois desses projetos têm maior dimensão e preveem canalizar o gás do fundo do mar para terra, arrefecendo-o numa fábrica para o exportar por via marítima em estado líquido.

Um é liderado pela TotalEnergies (consórcio da Área 1) e as obras avançaram até à suspensão por tempo indeterminado, após um ataque armado a Palma, em Março de 2021, altura em que a energética francesa declarou que só retomaria os trabalhos quando a zona fosse segura.

O outro é o investimento ainda sem anúncio à vista liderado pela ExxonMobil e Eni (consórcio da Área 4).

Um terceiro projecto concluído e de menor dimensão pertence também ao consórcio da Área 4 e consiste numa plataforma flutuante de captação e processamento de gás para exportação, directamente no mar, que arrancou em Novembro de 2022.

A plataforma flutuante deverá produzir 3,4 mtpa (milhões de toneladas por ano) de gás natural liquefeito, a Área 1 aponta para 13,12 mtpa e o plano em terra da Área 4 prevê 15 mtpa.

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