FMI: Moçambique paga emissões internas do tesouro com “atrasos pontuais”

Moçambique está a pagar com atraso algumas emissões domésticas de cupões do tesouro, disseram à Lusa investidores e o Fundo Monetário Internacional (FMI), a mais recente das quais datada da última semana.

“Os participantes no mercado relatam atrasos pontuais no pagamento de cupões”, referiu Álvaro Piris, chefe da missão do FMI em Moçambique, quando questionado sobre o atraso no pagamento de cupões de 14 de Novembro, há 11 dias.

Segundo a mesma fonte, estes atrasos têm estado a ser tratados pelo “FMI e parceiros de desenvolvimento” com as autoridades moçambicanas.

As instituições internacionais “têm estado a trabalhar com as autoridades na gestão de dívida, de tesouraria e planeamento orçamental, através de projectos de capacitação”, detalhou.

O Governo de Moçambique tinha agendado para dia 14 de Novembro o pagamento dos juros de uma emissão de dívida interna, no valor de cerca de 3,5 milhões de dólares, mas fonte no mercado disse à Lusa que o valor continuava pendente até ao início da tarde de quinta-feira, admitindo que estaria iminente.

Segundo a mesma fonte, o pagamento era esperado após nova emissão de dívida interna, que ajudará a pagar dívida antiga.

A Lusa contactou o presidente da Bolsa de Valores de Moçambique, Salim Valá, que recebe o dinheiro do tesouro e o entrega aos investidores, mas não obteve resposta.

A assessoria do Ministério da Economia e Finanças referiu à Lusa que Moçambique está “a pagar todas as obrigações”, mas sem esclarecer a situação dos cupões de 14 de Novembro.

“Uma das preocupações é o pagamento atempado das obrigações internas e externas em tempo útil”, disse, acrescentando que “o elogio recente do FMI é demonstrativo do empenho do governo em relação ao pagamento tanto da dívida interna como externa”.

O elogio é uma alusão à aprovação da primeira revisão do programa de ajustamento financeiro de Moçambique, que permite o desembolso de quase 60 milhões de dólares, considerando que as metas foram cumpridas.

“Os critérios de desempenho do programa, metas indicativas e valores de referência estruturais, no final de Junho de 2022, foram cumpridos; a perspectiva de política monetária e o aperto pro-activo desde início de 2021 são apropriados para lidar com a previsível subida da inflação”, escreve o FMI na nota que dá conta da aprovação, pelo conselho de administração, da primeira revisão da Linha de Crédito Ampliada (ECF, na sigla em inglês).

A aprovação da primeira revisão ao programa de três anos, aprovado em maio deste ano, representa um desembolso imediato de 59,2 milhões de dólares, do total de 456 milhões de dólares incluídos no programa de ajustamento financeiro, do qual Moçambique já recebeu cerca de 150 milhões de dólares.

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