Um filme de animação foi impedido de rodar nos Emirados Árabes Unidos (EAU) por conter uma cena de beijo entre indivíduos do mesmo sexo, no caso, duas ‘mulheres’. Trata-se do filme “Lightyear”, da Pixar Studio, o primeiro da produtora a conter uma cena do género.
Com essa medida nenhum cinema dos EAU devera exibir o filme, pois entende-se que “viola as normas relacionadas ao conteúdo mediático vigentes nos Emirados Árabes Unidos”, segundo o media regulatory office.
O Estado do Golfo, que inclui o emirado de Dubai em particular e tem um Ministério da Tolerância, é relativamente liberal em comparação com os seus vizinhos, mas continua governado por inúmeras restrições no aspecto político e social.
De acordo com aquele órgão dependente do Ministério da Cultura e Juventude, todos os filmes “estão sujeitos a acompanhamento e avaliação antes da data de exibição ao público de forma a garantir que os conteúdos difundidos sejam adequados no que diz respeito à classificação etária”.
The Media Regulatory Office announced that the animated film Lightyear, which is scheduled for release on 16th June, is not licensed for public screening in all cinemas in the UAE, due to its violation of the country’s media content standards. pic.twitter.com/f3iYwXqs1D
— مكتب تنظيم الإعلام (@uaemro) June 13, 2022
Questionado pela agência de notícias francesa AFP, o Ministério não respondeu aos pedidos de esclarecimento sobre as “normas” violadas pelo Lightyear, já tendo sido afixados nas ruas do Dubai cartazes do filme.
Esta proibição ocorre seis meses depois de o país ter anunciado que os filmes exibidos nos seus cinemas não seriam mais censurados, mas apenas classificados de acordo com a idade dos espectadores, com uma nova categoria de obras proibidas para menores de 21 anos.
A censura é uma prática muito difundida no mundo árabe, especialmente na região muito conservadora do Golfo. Filmes que contêm cenas consideradas prejudiciais à moral são muitas vezes cortados ou até mesmo completamente proibidos.
Em Abril, a Arábia Saudita pediu à Disney que retirasse “referências LGBTQ” ao filme da Marvel, Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, para que não pudesse ser exibido nos cinemas do reino ultraconservador, vizinho dos Emirados.
Nos últimos anos, os Emirados adoptaram reformas sociais apresentadas como liberais para atrair mais expatriados, sendo o país composto por cerca de 90% de estrangeiros de todo o mundo.
Apesar das reformas, a Organização Não Governamental Human Rights Watch acusou, recentemente, as autoridades de criminalizar “actos vagos” como qualquer comportamento que “ofenda a modéstia e a moral pública” ou que “incite uma vida de pecado”.
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