Estrondos provocados pela mineração de um consórcio chinês que explora 700 hectares em Nhamatanda estão a provocar “graves danos” para os residentes próximos, alerta a população local, que acusa as empresas de não ter feito estudos ambientais.
“Isto está a criar muitos problemas, por exemplo, minha casa está com rachas nas paredes que até não sei se vai resistir por muito tempo”, declarou à Lusa Gilberto Botão, que reside nas proximidades da área de exploração.
A casa de Gilberto Botão está a quase 50 metros do espaço que está a ser explorado pelo consórcio chinês liderado pela empresa “Hiperbrita”, que se dedica à extracção de pedras para construção no interior do município de Nhamatanda (no designado Bairro 5), na província de Sofala, centro de Moçambique.
O espaço de exploração está localizado numa área residencial, que integra também infraestruturas do Estado, com destaque para os edifícios do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral e um centro de saúde.
Além do impacto sobre as casas que estão mais próximas da área de exploração, os moradores reclamam pela poluição sonora resultante das constantes explosões.
“Faz-se muito barulho”, disse Rachide da Graça, outro residente local, acrescentando que “as casas tremem”, em resultado das operações da companhia chinesa, que funciona, por vezes, fora do horário estabelecido por lei, segundo a população.
“Tudo foi feito sem estudos ambientais e isto pode trazer consequências no futuro. As explosões têm seus impactos e podem provocar, amanhã, erosões e outros problemas maiores, resultantes desta acção do homem”, alertou, por seu lado, o ambientalista Faruk Manuel citado pela Lusa.
O edil de Nhamatanda, António Charumar, disse à Lusa não estar dentro do processo que culminou com a concessão do espaço às empresas chinesas.
“Eu não sei como a estas empresas foram atribuídos estes espaços, ao que só posso dizer para consultar os antigos dirigentes”, declarou Charumar.
Contactada pela Lusa, a Direcção Provincial do Ambiente de Sofala alega haver uma ordem para travar as operações da empresa em função do seu impacto ambiental na região, embora no terreno as operações continuem.
“São sim empresas legais”, frisou Ermelinda Maquenze, directora provincial da Acção Ambiental em Sofala, acrescentando que uma parte dos documentos que atribuem a autorização às empresas foi destruída pelo ciclone Idai, que se abateu sobre a região em Março de 2019.
A Lusa tentou, sem sucesso, contactar os responsáveis do consórcio.
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