Ex-guerrilheiros da Renamo ameaçam acionar último plano contra Ossufo Momade

Ex-guerrilheiros da Renamo ameaçam acionar último plano contra Ossufo Momade

A ala militar da Renamo ameaça acionar o seu último plano para impor transparência e diálogo no partido, dias depois de submeter ao Tribunal Judicial da cidade de Maputo, uma providência cautelar contra o presidente do Partido, Ossufo Momade.

Os ex-guerrilheiros do que até agora maior partido da oposição em Moçambique, dizem que a Renamo está a desmoronar, como consequência da ausência de diálogo interno em sete anos de gestão de Ossufo Momade.

De acordo com uma publicação da VOA, os ex-guerrilheiros da Renamo exigem uma reunião urgente do Conselho Nacional alargado aos desmobilizados, transparência das contas do partido e a destituição do líder.

“Quando há falta de transparência da liderança, os membros e o povo optam pela desconfiança. O grupo dos combatentes quer a realização do Conselho Nacional alargado aos combatentes para uma reflexão total da casa, porque a casa está a se destruir”, precisou João Machava, ex-fundador da desaparecida auto-denominada Junta Militar da Renamo, liderada por Mariano Nhongo, justificando a providência cautelar contra o líder.

A fonte acusou o líder de participar em encontros secretos para negociar as eleições e de desmandos, além de violação sistemática dos estatutos do partido.

O antigo comandante da ex-guerrilha, que participou das três “invasões” à sede nacional da Renamo nos últimos dois meses, acrescentou que várias tentativas para forçar uma linha de diálogo fracassaram, mesmo depois de se criar uma comissão dos ex-guerrilheiros, a pedido da direção do partido, e se nomear um intermediário.

“Eu digo francamente que fracassou, que até ontem (sábado 04) não tinha informação sobre o diálogo, mas só porque submetemos a providência cautelar no Tribunal na sexta-feira, 3, hoje (domingo 5), um intermediário do partido é que diz que as pessoas do diálogo estão a se preparar, para nos contactar”, acrescentou.

Por sua vez, Josefo de Sousa, o general da Renamo tido como aliado de Ossufo Momade, apesar de discordar de recursos judiciais para tratar assuntos internos da Renamo, insiste que os ex-guerrilheiros são renegados ao último plano, o que degenerou na actual insatisfação.

“Se não dá ouvidos aos desmobilizados, considerando-os de analfabetos, enganam-se, e cada vez mais esta organização vai abaixo”, vincou Josefo de Sousa, realçando que “esse partido que tanto sacrificamos, essa democracia que está a se gritar em Moçambique foi graças a estes que estão sendo desprezados hoje”.

O general que foi dado como morto em 2019, supostamente após ser mantido numa base da Renamo por Ossufo Momade, enfatiza que não se alia ao grupo contestatário, mas apoia a causa para salvar a organização, que deve se reorganizar nas condições em que foi penalizada nas eleições gerais de Outubro.

“Sacrifiquei a minha vida não é para assistir essas brincadeiras aí. Sacrifiquei a minha vida também não é para não ser ouvido, porque a pessoa não pode ser medida à palma da mão, quando você mede o homem igual à palma da mão, acaba gerando conflito e (é) isso que estamos a assistir”, asseverou.

Sousa apelou à união da Renamo e à ponderação da “direcção do partido (que) devia agora tentar analisar pelos resultados penosos que tivemos e vamos ter mais se agente não nos unir”.

Entretanto, citado pela estatal Rádio Moçambique, o chefe-adjunto nacional de Mobilização, Domingos Gundana, diz que o Partido desconhece o assunto da providência cautelar.

A Renamo foi o partido mais penalizado com os resultados das últimas eleições gerais, e perdeu o estatuto de maior partido da oposição para o PODEMOS, que se estreou nas eleições gerais de 2019, segundo os dados do Conselho Constitucional.

 

(Foto DR)

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