Entre 2018 a 2022 Governo já gastou 106,8 bilhões de Meticais em segurança nacional, após o início dos ataque terroristas em Cabo Delgado, de acordo com um estudo publicado hoje pelo Centro de Integridade Publica (CIP).
“Após 2018, a taxa de crescimento anual de segurança nacional aumentou drasticamente. Ou seja, desde 2018, o aumento anual das despesas com segurança subiu em mais de 8.081 milhões de Meticais além da tendência já crescente”, refere-se no estudo “Revelando os Custos da Guerra em Cabo Delgado”, lançado hoje em Maputo.
Em termos relativos, desde 2018, a tendência da percentagem das despesas com segurança nacional em relação ao total das despesas públicas também acelerou em mais de 1,20% ao ano, lê-se na análise.
“Curiosamente, as alocações para os serviços de informações foram menos diretamente afetadas, apesar do aumento dos ataques terroristas, o que indica a potencial influência de outras considerações políticas relativamente a esta rubrica de despesas”, indica-se no estudo.
Além disso, o estudo do CIP chama ainda a atenção para perda de 384 milhões de Meticais em receitas fiscais por parte do Estado, devido a suspensão do projecto do consórcio da multinacional francesa TotalEnergies, na sequência de um ataque armado em Março de 2021.
Fora a isso, refere o estudo, o tecido social da região está a deteriorar-se, com Cabo Delgado a destacar-se como a única província em Moçambique a testemunhar um declínio nas taxas de alfabetização desde o início do conflito.
“Estimamos que este impacto educacional possa resultar num declínio relativo do PIB de Cabo Delgado de até 22,7 biliões de Meticais”, refere o documento consultado pelo MZNews.
“Ao levar-se recursos que deveriam ser para outros sectores sociais para fazer face à guerra, esses vão ficar predicados”, afirmou a jornalista Rui Mathe, pesquisador do CIP e responsável pelo estudo.
Como recomendação, Mathe assinalou que o Governo deve combinar o esforço de restauração da paz em Cabo Delgado com a dinamização do tecido social e económico para que o país siga uma trajetória de crescimento.
Mathe reconheceu que a opacidade do Governo em relação às despesas com o sector da defesa e segurança limita o conhecimento da dimensão real dos custos da guerra em Cabo Delgado, sendo a informação disponível baseada na Conta Geral do Estado e noutros documentos publicados.
O conflito em Cabo Delgado já causou a morte de 4500 pessoas e mais de um milhão de deslocadas, de acordo com relatórios atualizados do International Crisis Group.
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