“Estado errou ao não garantir a defesa dos manifestantes, mas faltam provas dos crimes”

“Estado errou ao não garantir a defesa dos manifestantes, mas faltam provas dos crimes”

Organizações de defesa dos direitos humanos referem que o Estado moçambicano errou ao não garantir a defesa dos manifestantes nos protestos pós-eleitorais, lamentando que muitos crimes não tenham sido documentados. Ainda assim, apelam ao Executivo para investigar a fundo a violência pós-eleitoral no País.

Numa publicação da DW, o presidente da Comissão Nacional dos Direitos Humanos, Abashir Massacar, apontou, durante debate ontem (24), em Maputo, sobre as violações de direitos humanos no período pós-eleitoral em Moçambique, alguns excessos tanto pela polícia assim como pelos manifestantes.

“Se olharmos para o que aconteceu nas manifestações, observamos que vários direitos foram violados. É claro que aqui podemos dizer que, por um lado, houve alguns excessos dos manifestantes, mas também houve excessos do lado da polícia”, comenta Massacar.

A organização Human Rights Watch duvida que o Estado moçambicano consiga fazer uma investigação profissional e exaustiva à violência dos últimos meses.

Segundo o último levantamento da plataforma Decide, pelo menos 315 pessoas morreram nos protestos pós-eleitorais em Moçambique. Mais de 750 manifestantes terão sido baleados.

Para a pesquisadora da organização de direitos humanos, Zenaida Machado, o Governo anterior fez de forma “propositada” a não ter documentado todos os crimes cometidos, tanto pelas Forças de Defesa e Segurança, como pelos manifestantes violentos. “E não tem isto porque estes processos de limitação de direitos são propositadamente organizados de forma que não sejam documentados, porque a documentação facilita o processo de responsabilização”, diz Machado.

“Tenho mesmo sérias dúvidas. Mesmo que o novo Governo decida investigar, ou criar uma comissão de inquérito sobre o que se terá passado, vai ser um processo inglório e limitado devido à falta de evidências”, prosseguiu.

 

(Foto DR)

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