O escritor Mia Couto acredita que a introdução do ensino em línguas locais pode resolver muitos problemas da educação no país. Entretanto, alerta que este assunto deve ser tratado com a sua verdadeira complexidade.
Mia Couto, que quarta-feira conversava sobre literatura, escrita criativa e modos de contar estórias na Fundação Fernando Leite Couto, em Maputo, disse ser fundamental que a questão das línguas nacionais comece a ser resolvida a partir da escola, mas de uma maneira que contribua para a unidade do país.
“Não haja conflitos entre pessoas que de repente reivindicam ser a sua variante a certa e deve ser imposta na escola”, explicou, defendendo que a unidade dos moçambicanos é um dos valores mais nobres do país e tem a mesma importância dos idiomas.
“Isso não é antagónico, mas se for maltratado ou tratado de forma leviana vamos introduzir conflitos que não são necessários neste país”, disse Mia Couto citado pelo jornal Notícias.
O autor de “Terra Sonâmbula” e “Vozes Anoitecidas” acrescentou que este é assunto muito delicado por envolver grandes meios financeiros, formação de professores, trabalho nas próprias línguas no sentido de se fazer a selecção das variantes.
A sua complexidade, continuou, está igualmente no facto de o país não só se caracterizar pela multiplicidade linguística, mas pelo êxodo do campo para cidade e vice-versa.
“Numa escola de uma cidade moçambicana, que línguas vamos ensinar nela? Hoje temos em Maputo gente de Nampula, Zambézia, Tete, entre outros pontos do país. Tudo isso é possível se houver vontade política obviamente”, comentou.
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