“Em 49 anos da independência Moçambique transformou-se em supermercado de produtos acabados” – CIP

“Em 49 anos da independência Moçambique transformou-se em supermercado de produtos acabados” – CIP

Um estudo do Centro da Integridade Pública (CIP) indica que ao longo dos 49 anos da independência nacional, Moçambique transformou-se em um “supermercado” de produtos acabados, importados.

Este cenário, de acordo com o estudo, deriva do desaparecimento das indústrias-chave, como alimentos, calçados e borrachas.

“Em 49 anos de independência, a contínua dependência da importação de produtos externos aumentou substancialmente e sem uma indústria nacional para satisfazer essa procura”, lê-se no documento do CIP que o MZNews teve acesso.

No campo da indústria, os dados do CIP, organização não governamental (ONG), indicam que a contribuição deste sector para o Produto Interno Bruto (PIB)  diminuiu de 10%, em 1975, para 7%, em 2023, “uma queda alarmante que reflete desafios significativos”.

Indo para os números, esta ONG diz que o País ocupa, actualmente a 30ª posição no Índice de Industrialização da África de 2022, entre 52 países africanos, isto depois de ter ocupado a 8ª posição antes da independência.

Actualmente, aponta o estudo, Países da África Austral, como África do Sul, Eswatini e Namíbia, alguns deles com uma base colonial semelhante a de Moçambique, conseguiram destacar-se através de uma série de estratégias bem planificadas e implementadas  ocupado a 6ª  e  a 10º posição no índice que avalia 52 países africanos respectivamente.

A ONG diz ainda que em 2023, as exportações de Moçambique foram dominadas por grandes projectos no sector extrativo (carvão, gás, rubis e areias pesadas), representando 57% das exportações, e pela indústria transformadora (barras de alumínio), com 16%.

As importações foram lideradas por bens intermediários (33%), incluindo combustíveis (10%) e material de construção (8%). Bens de consumo como arroz, trigo, automóveis e medicamentos representaram 24% das importações.

De acordo com o estudo que temos estado a citar, a taxa de cobertura das exportações sobre as importações, excluindo os grandes projectos, foi de apenas 26%.

A  ONG diz que os números  evidenciam uma crescente dependência do país em relação ao exterior, para o consumo e para a produção.

Face a este cenário, a ONG questiona as políticas e as estratégias de desenvolvimento industrial adoptadas ao longo dos últimos 49 anos.

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