Economistas consideraram hoje “nociva” para as empresas a decisão do banco central de aumentar os coeficientes de reservas obrigatórias, assinalando que a medida “não vai resolver” a espiral de inflacção, porque esta “variável” é condicionada por “problemas estruturais”.
“Significa que [as empresas] vão pagar as suas dívidas com um custo muito maior” e esta medida “pode pôr em causa a rentabilidade e a continuidade das operações de muitas empresas, é a parte nociva que acompanha estas medidas de carácter restritivo”, disse Egas Daniel, economista e coordenador do programa em Moçambique do International Growth Center (IGC) da London School of Economics.
A rentabilidade dos investimentos de empresas “fica comprometida”, sublinhou.
“Nenhuma empresa projecta fazer investimentos com base em empréstimos ou com base em financiamento bancário, num contexto em que as taxas de juro estão tão altas”, enfatizou Egas Daniel.
Por outro lado, a sobrevivência de “alguns bancos pequenos” está em risco, acrescentou, porque têm de lidar com “apertos já extraordinários” impostos pelo regulador.
O economista manifestou dúvidas em relação ao argumento de que o excesso de liquidez está a provocar uma pressão inflaccionista, defendendo que a alta de preços em Moçambique é causada por factores estruturais, como a fraca produção e produtividade da economia.
O Banco de Moçambique “não encontra uma estrutura económica que permita que as medidas sejam eficazes”, realçou.
Aquele economista apontou o “crónico recurso” às obrigações e bilhetes de tesouro pelo Estado, para o financiamento da despesa pública, como outro fator por detrás das elevadas taxas de juro.
“O sector público não contrai as suas despesas ao longo do tempo, elas têm um crescimento exponencial não acompanhado pelas receitas, o que gera maior défice que deve ser financiado pela própria banca”, realçou.
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