Moçambique é uma das principais plataformas no tráfico internacional de drogas. Especialistas temem que o crime organizado tenha capturado o Estado moçambicano.
“Consumi drogas pesadas, cocaína, heroína. Vivi na rua. Roubei. Fiquei sem um pulmão e fiquei internado no hospital durante sete meses”, conta José Carlos. Recordar esses momentos é “como se estivesse a levar uma facada”, acrescenta o cidadão moçambicano em entrevista à DW África.
José Carlos foi toxicodependente, mas parou de consumir há oito anos.
“Fui um jovem que esteve perdido durante mais de 15 anos no mundo das drogas. Hoje, graças a Deus, estou recuperado. Casei e tenho família.”
Ele conseguiu libertar-se do vício. Mas em Moçambique há cada vez mais jovens a consumir drogas.
De acordo com o Gabinete Central de Prevenção e Combate à Droga, entre 2020 e 2021, houve um aumento de 14% de casos de toxicodependência em Moçambique. Foi uma subida de cerca de 9.700 casos, em 2020, para mais de 11100, em 2021.
Os especialistas consideram que esta subida é fruto da pobreza no país e da falta de oportunidades, mas também do tráfico de droga. Segundo vários relatórios internacionais, Moçambique é uma das plataformas importantes do tráfico na região austral de África.
Este não é um fenómeno novo. No entanto, a detenção em Maputo, em 2020, de Gilberto Aparecido dos Santos ‘Fuminho’ – ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC), uma das grandes facções do tráfico de drogas no Brasil – voltou a fazer soar os alarmes.
Haxixe, heroína, cocaína e metanfetamina estão no topo das drogas que mais transitam por Moçambique com destino à África do Sul e, depois, para a Europa.
De acordo com a Iniciativa Global contra o Crime Organizado Transnacional, a principal rede de entrada de drogas em Moçambique está ligada à máfia paquistanesa, que introduz principalmente o haxixe e a heroína vindos do Afeganistão. A droga é transportada por navios em contentores até aos portos de Mombaça, no Quénia, e Zanzibar, na Tanzânia – dois países que ficam no extremo norte de Moçambique.
Texto DW África
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