O ex-ministro moçambicano das Finanças, Manuel Chang, optou, ontem, terça-feira (06), em “silêncio absoluto” durante a sessão de declarações do seu julgamento num Tribunal de Nova Iorque, nos Estados Unidos da América (EUA).
Acusado pelos procuradores norte-americanos, de ter recebido 7 milhões de dólares, equivalente a 442,4 milhões de meticais em subornos, num plano “corrupto” para enriquecer e enganar investidores, Manuel Chang recusou-se a prestar declarações durante o seu julgamento em curso nos EUA. A decisão de permanecer em silêncio foi anunciada no tribunal de Nova Iorque, onde Chang está a ser julgado desde 21 de Julho.
Segundo uma publicação do jornal “O País”, refere que durante o julgamento, o ex-director do banco Credit Suisse, Andrew Pearse, testemunhou que o antigo ministro moçambicano das Finanças recebeu subornos para assinar garantias soberanas, apesar de saber que as empresas EMATUM, ProIndicus e MAM eram inviáveis. Pearse, que fez um acordo de delação premiada com a justiça americana, é uma das testemunhas-chave no caso.
A mesma publicação, citando o pesquisador do Centro de Integridade Pública (CIP), uma organização não-governamental moçambicana, Borges Nhamire, que acompanha de perto as audiências nos EUA, refere que Chang decidiu não falar.
“O antigo ministro das Finanças optou por não responder a nenhuma pergunta durante o julgamento. Contrariamente ao que se pensa em Moçambique, aqui nos Estados Unidos o réu não é obrigado a responder perguntas, sejam da defesa ou da acusação. Manuel Chang decidiu que não quer falar. A defesa vai falar por ele”, explicou o pesquisador Borges Nhamire.
Entretanto, após a audição de Andrew Pearse, iniciaram-se as alegações finais, onde tanto a defesa quanto a acusação apresentaram os seus argumentos sobre o desfecho do caso. O júri deverá ter tempo para reflectir sobre todos os argumentos apresentados antes de tomar uma decisão final.
Assim, depois das alegações, o júri deverá ser dado tempo para reflectir sobre todos os argumentos colocados e tomar uma decisão sobre o destino do antigo ministro das Finanças.
Se for condenado, Manuel Chang, que é acusado de conspiração de fraude e envolvimento num esquema de lavagem de dinheiro, enfrentará até 30 anos na prisão.
O Governo dos EUA defende que o projecto do Sistema Integrado de Monitorização e Protecção (SIMP) do espaço marítimo moçambicano, que deu origem às dívidas ocultas, não foi pensado pelo Executivo moçambicano, nem concebido para proteger o espaço marítimo. A acusação diz que é um projecto de fachada criado pelos réus e co-conspiradores para ganhar dinheiro.
“Na realidade, os projectos marítimos ProIndicus, EMATUM e MAM foram usados pelo réu Manuel Chang e pelos seus co-conspiradores para desviar partes dos recursos do empréstimo para pagar milhões em subornos a si próprios, a outros funcionários do Governo e a banqueiros”, argumentou há dias, o Departamento de Justiça norte-americano.
(Foto DR)
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