O número de moçambicanos pobres subiu de 46% para 65%, entre 2015 e 2022, de acordo com a Estratégia Nacional de Desenvolvimento, 2022-2044, aprovada na XVIII Sessão Ordinária do Conselho de Ministros.
“Em termos de pobreza as estimativas indicam um aumento na pobreza de consumo, de 46,1% em 2014/15 para 68,2% em 2019/20 e reduziu ligeiramente para 65,0% de 2019/20 para 2022” lê-se no documento publicado pelo Ministério da Economia e Finanças e consultado hoje pelo MZNews.
O Inquérito ao Orçamento Familiar mostra que, nesse período, o aumento da pobreza nas zonas rurais foi de 68,4% contra 58,4% nas zonas urbanas. As taxas revelam ainda maior prevalência da pobreza nas regiões norte e centro, com 70,2% e 65,6%, respectivamente. A pobreza na região sul ronda em 54,8%.
Praticamente, esse aumento de moçambicanos pobres em Moçambique se deu durante oito anos (2015-2022) do reinado de Filipe Nyusi como Presidente da República – foi eleito em 2015 e reeleito em 2019. Este ano, 2024, está a cumprir os últimos meses na Ponta Vermelha. Moçambique vai às urnas no dia 09 de Outubro escolher o próximo Presidente da República.
O documento reconhece que o fenómeno da pobreza foi transversal na sociedade e arrastou pessoas de vários quadrantes. Aponta como causas do aumento de pobres no país as mudanças climáticas (ciclones Idai e Kenneth), o aumento dos preços dos alimentos, os choques climáticos que afectam a produção agrícola das famílias e o sector de transportes, e a situação de terrorismo no norte do País.
Ainda no capítulo sobre a “Tendência da Pobreza”, o relatório aponta para um aumento das desigualdades em cinco anos – o primeiro mandato – de 0,47 em 2014/15 para 0,51 em 2019/20, sendo mais acentuado nas áreas rurais e regiões norte do País. Os factores são os mesmos.
Mas também, nota o documento, “as causas da pobreza no País são diversas e interligadas e estão intimamente ligadas a questões conjunturais e estruturais. Entre os principais factores estão o rápido crescimento da população que pressionam os serviços básicos, as fracas oportunidades de emprego, a desigualdade de renda e acesso a recursos, e o fraco investimentos em infraestruturas essenciais”.
A pobreza multidimensional registou uma variação mais estável da taxa, passando de 55% em 2014/15 para 53,1% em 2022, sugerindo melhorias no acesso à educação e água potável. No entanto, ainda prevalece o desafio de condições habitacionais adequadas com acesso a água e saneamento seguro, electricidade e a posse de bens duráveis, com maior ênfase nas zonas rurais onde reside 66,6% da população total do País, lê-se.
Deixe uma resposta