O Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, disse na última quinta-feira, que a União Europeia deveria olhar para África como uma relação “entre iguais”, “não paternalista” e sem esquecer o impacto do “sistema colonial” nas economias africanas.
“A Europa deveria relacionar-se com os países africanos (…) numa base de igualdade e nunca deveria ser uma relação paternalista, devia ser uma relação de iguais, mas também uma relação que é baseada no nosso entendimento histórico do que aconteceu no passado. Não podemos lavar o que aconteceu no passado, a forma como os países africanos foram `desempoderados` pelo sistema colonial, que reteve o seu próprio desenvolvimento económico”, afirmou.
Cyril Ramaphosa acrescentou que os países africanos estão agora numa fase em que tentam eles próprios desenvolver as suas economias e “a última coisa” de que precisam é de serem condicionados “por restrições, por regras que não têm realmente fundamento científico robusto”, como acontece com obstáculos à exportação de produtos africanos para os mercados da União Europeia (UE).
São restrições que limitam as trocas comerciais, “mas mais do que isso”, têm um efeito “devastador” nas oportunidades e condições de vida que poderiam ter milhões de pessoas no continente africano, disse o Presidente da África do Sul, que falava em Pretória, numa conferência de imprensa ao lado do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez.
Cyril Ramaphosa afirmou que levantou esta questão no encontro que teve hoje com o líder do Governo de Espanha, que assumirá a presidência da UE no segundo semestre de 2023, e que também já havia feito o mesmo recentemente com o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.
O Presidente sul-africano sublinhou que defende que as restrições europeias a produtos oriundos de África devem ser abordadas, numa “base de amizade” e de “bom entendimento”, por serem “muito sérias”, considerando que a Europa deve apoiar os Estados africanos, num trabalho conjunto, a responder às questões da pobreza, do desemprego ou da desigualdade social “porque em parte tiveram um papel no `desempoderamento` de muito países”.
Ramaphosa abordou esta questão por causa da produção de citrinos, em que Espanha é líder mundial, seguida pela África do Sul, que enfrenta, porém, restrições na exportação para a UE.
Pedro Sánchez assegurou que uma “boa notícia” que sai do encontro de hoje é que Espanha e África do Sul vão “trabalhar juntos, também em Bruxelas, para encontrar soluções para esta situação”.
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