A ausência do cenário político nacional e o silêncio “sepulcral” do líder da Renamo, Ossufo Momade, face às crises de gestão eleitoral e a suspensão e prisão domiciliar de dois líderes municipais, podem fragilizar o maior partido da oposição moçambicana, alertam analistas.
O líder da Renamo, Ossufo Momade, tem sido alvo de várias críticas internas, incluindo do autarca de Quelimane, Manuel de Araújo, face ao seu silêncio sobre a prisão domiciliar do edil de Nacala-porto, Raul Novinte, e a suspensão recente de Paulo Vahanle, de Nampula.
Contudo, citado pela VOA, o porta-voz da Renamo, José Manteigas, garantiu não haver um clima tenso no partido, e que o líder da Renamo, Ossufo Momade, vai se pronunciar hoje, sexta-feira, sobre o actual cenário político nacional, mas também sobre a suspensão do edil de Nampula e a prisão do autarca de Nacala-porto pela Renamo.
“Estávamos a acompanhar a evolução da situação”, frisou o porta-voz.
Ainda assim, para os analistas, o líder da Renamo não conseguiu passar a sua robustez militar para a política, tendo sido “corrompido com vida com a vida de luxo na cidade”, considerando-o, por isso, não ser um líder da oposição ideal para o actual contexto político.
“O silêncio do líder da Renamo, Ossufo Momade, no actual contexto político nacional é preocupante,” na medida em que as últimas eleições autárquicas foram “o maior teste político que a Renamo teve”, desde o multipartidarismo em Moçambique, afirma Nhancale Sansão Nhancale, analista e docente universitário, citado pela VOA.
Por isso, “Ossufo Momade deve compreender que não é chefe de Estado, e não sendo não tem muito espaço de manobra de aparição pública com grande impacto se não for nos processos eleitorais e outros assuntos politizáveis”.
Por sua vez, o analista político Ricardo Rabocco afirma que o Momade convive com o dilema de não ter a capacidade de continuar o legado de Afonso Dhlakama, que lidava de forma assertiva com o governo, ao obrigar a negociar e a ceder.
“Apesar de Ossufo Momade ser militar, no contexto do DDR ao longo do tempo foi corrompido pelos hábitos e bons costumes da cidade, e por via disso já não seria capaz de lutar para que as promessas da guerra, mormente a pensão e a reinserção social condigna pudesse ser materializada com sucesso para com seus pares”, afirma.
“Este silêncio quase que sepulcral da liderança do topo da Renamo abre espaço para que comece a aparecer de forma difusa pequenas lideranças jovens que vão dar uma nova vitalidade dentro da Renamo e vai entrar em conflito com uma Renamo antiga”, alerta Rabocco, para quem o partido “precisa de se reinventar e injectar sangue novo na liderança.
Finalizando, Rabocco não tem dúvidas de que o líder da Renamo está “numa espécie de captura e desespero por conta das tensões ocultas dentro da Renamo. Depois destas eleições, pode estar ofuscado por figuras como Venâncio Mondlane, Manuel de Araújo, Raul Novinte, Ivone Soares e próprio Elias Dhlakama, que foi seu principal adversário no último congresso”.
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