A Organização das Nações Unidas (ONU) assumiu, esta quarta-feira, que a comunidade internacional está a tratar o continente africano com “injustiça e imoralidade”, sendo que, do ponto de vista da pandemia da covid-19 e da crise climática, África fica condenada a uma situação extremamente difícil.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, teceu críticas aos países que impuseram restrições para não admitir viagens vindas da África do Sul e países vizinhos. Os pronunciamentos foram feitos no fim de uma reunião com o representante da União Africana (UA), Moussa Faki Mahamat, em Nova Iorque.
Os dois responsáveis consideraram que o encerramento de fronteiras apenas para países africanos equivale a um regime de “apartheid de viagens” e consideraram ser “inaceitável” que uma das mais vulneráveis partes do mundo esteja condenada ao confinamento, o que representa uma dificuldade acrescida à recuperação económica após a pandemia.
Nessa vertente, as medidas aplicadas pelos países da europa e outros continentes não têm fundamento e são injustificáveis, alem de serem um castigo à transparência dos países africanos por alertarem o mundo do surgimento da variante ómicron, que, entretanto, já circulava noutras partes do mundo antes da divulgação.
“Com um vírus que realmente não tem fronteiras, as restrições de viagem que isolam qualquer país ou região não são apenas profundamente injustas e punitivas – são ineficazes”, declarou Guterres.
Neste sentido, as nações mais ricas terão de “reforçar significativamente” o apoio aos países em desenvolvimento, mostrando mais solidariedade, mas também manter um “compromisso maciço” para o congelamento de dívidas das nações africanas e atribuição de “Direitos Especiais de Saque”, sublinhou o responsável da ONU.
Segundo Moussa Faki Mahamat, “é de lamentar” que a comunidade internacional não tenha oferecido “solidariedade activa e dinâmica” para com África.
Guterres e Mahamat encontraram-se em Nova Iorque, na sede das Nações Unidas, na quinta conferência anual entre ONU e UA, onde se discutiram as ameaças à paz, o terrorismo em África e a crise climática.