O responsável pelo programa de imunização e desenvolvimento de vacinas da direcção regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) em África, Richard Mihigo, reconhece que o continente com mais pessoas por imunizar recebe vacinas com prazo de validade curto, além de ser em menor número relativamente aos Estados Unidos e Europa.
Segundo Mihigo, os países africanos não devem ser culpabilizados por incinerar as vacinas pois “foram vítimas” ao receber os imunizantes com prazos de validade prestes a findar.
“Sim, África destruiu vacinas, mas apenas porque foram enviadas com datas próximas do fim da validade, e, por isso, não se deve atribuir a culpa aos países que foram, neste caso, as vítimas”, referiu.
Por outro lado, aquele responsável da OMS avisou que se África continuar a receber poucas vacinas, nesse mesmo ritmo, vai ser difícil alcançar a meta de imunizar 40% da população até finais do próximo ano, prevendo que isso possa acontecer somente em 2023.
“A questão é saber como podemos fazer chegar as vacinas às pessoas”, o que passa por combater muitos “boatos e desinformação” que leva alguns cidadãos a recusarem a vacinação.
Algumas propostas para lidar com a escassez de vacinas no continente africano é a construção de laboratórios de ponta de modo que não haja fuga de cérebros, avançada pelo secretário-geral da Aliança das Universidades Africanas de Investigação e Consórcio Africano de Investigação Económica, Ernest Aryeetey.
E a Directora da ONU/SIDA, Winnie Byanyima, sugeriu a suspensão da propriedade intelectual em cenários de pandemia, como o da covid-19.
“[Isto] iria permitir que os países pudessem fabricar as suas vacinas”, explicou.
As entidades acima referidas falavam, ontem, no decurso da conferência virtual sobre “Vacinação em África: Capacidade de Investigação, Advocacia, Fabrico e Distribuição”, no âmbito da primeira Conferência Internacional sobre Saúde Pública no continente.