Corrupção no BCM: “Houve sabotagem no processo… roubaram documentos”

Corrupção no BCM: “Houve sabotagem no processo… roubaram documentos”

O Juiz Desembargador do Tribunal Superior de Recurso da Cidade de Maputo, Achirafo Aboobacar, revelou ter havido sabotagem no processo do antigo Banco Comercial de Moçambique (BCM), actual Millennium Bim, 19 anos após a sua conclusão.

Páginas relevantes do processo teriam sido roubadas e destruídas por presumíveis cidadãos pertencentes ao circuito do crime organizado, o que veio a criar certa instabilidade em um dos maiores julgamento de calote financeiro pós-independência.

Citado pelo jornal “Notícias”, Aboobacar teria feito estas declarações perante amigos e familiares.

“Houve sabotagem durante a instrução do processo. Não sei quem fez isso. Só me dei conta disso porque a leitura que estava a fazer das páginas não tinha sequência. Estava tudo desarrumado, sinal de que alguém havia mexido no processo” revelou.

Perante essa situação, o juiz explicou que teve de efectuar um despacho a ordenar o escrivão da secção para entrar em contacto com a equipa do BCM no sentido de fornecer cópias dos documentos desaparecidos para reorganizá-lo.

“O escrivão foi muito competente e liderou este processo juntamente com os peritos do banco. Foi preciso rever as páginas e esse exercício levou muitos meses. O BCM forneceu os documentos novamente e assim conseguimos repor o que havia sido retirado dos autos. Tive de ficar quatro meses a trabalhar na sua recomposição”, contou.

Revelou que o Tribunal Supremo disponibilizou um gabinete, que era para que não sofressem pressão. Explicou que no Tribunal Judicial da Cidade de Maputo não havia condições de trabalhar neste mega-processo e estariam de baixo de muita pressão.

Normalmente esses processos extensos têm fama, por causa dos arguidos e o volume de páginas que o compõem. Geralmente quando se está perante processos desta natureza há tendência de se pensar que é um mega-processo. Para mim, foi um desafio muito grande, porque era um processo que quando recebi tinha 27 volumes, algo anormal” – recordou.

Para recordar, o jornalista Carlos Cardoso, na altura proprietário e editor do jornal “Metical”, foi assassinado, quando investigava a burla do BCM, ocorrida nos meados da década de 1990.

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