“Enquanto a nossa economia for constituída em 98% por unidades informais; enquanto não formos capazes de criar nem 5% dos postos de trabalho formais que 500 mil jovens anualmente procuram, não haverá tranquilidade social, nem ambiente político e económicos para que as grandes empresas e mega projectos sejam eficientes e sustentáveis”, afirmou o economista António Souto, representante da Gapi-Sociedade de Investimentos, num painel do Fórum de Investimentos Moçambique-União Europeia (UE) realizado dia 24 de Novembro último, em Maputo.
O economista e fundador da Gapi propôs a constituição de três instrumentos de financiamento e assistência técnica estruturados de forma interligada e focados na i) promoção da juventude e empoderamento da mulher; ii) desenvolvimento e uso das tecnologias de comunicação e iii) fomento da indústria transformadora de pequena e média dimensão.
“Desenvolver e implementar instrumentos desta natureza é uma especialidade de instituições financeiras de desenvolvimento que devem pautar a sua actividade por uma boa governação e valores que assegurem transparência, eficiência e impacto na gestão dos recursos.”, disse Souto.
No mesmo painel participaram representantes do Standard Bank, Mozabanco, Agência de Desenvolvimento do Vale do Zambeze (ADZ), Associação de Business Angels e Plataforma Pertence.
Todos os participantes apresentaram o que as suas instituições estão a fazer no âmbito da promoção das PMEs e start-ups.
A ADZ que beneficia de recursos disponibilizados pelo Banco Mundial, bem como o Mozabanco que é o agente de um fundo governamental para empresas rurais revelaram que estão a desenvolver actividades conjuntas com a Gapi.
Face à complexidade dos desafios que se colocam à melhoria de um ecossistema facilitador do surgimento e sucesso de start-ups e PMEs, o representante da Gapi observou que os países com maior sucesso no sector das PMEs e na inclusão social, económica e financeira têm em comum a atenção e apoio que prestam às suas instituições financeiras de desenvolvimento.
“Alguns recursos disponibilizados pela comunidade internacional, incluindo da UE estão a ser desperdiçados ou indevidamente usados. Uns são alocados a ONGs dos países financiadores e geridos por pessoas ou consultores, sem um mínimo de experiência da realidade moçambicana, ficando mesmo uma grande parcela desses meios nas sedes dessas organizações ou consumidos por altos salários dos seus consultores.
Outros recursos são canalizados via instituições paraestatais cuja ineficiência e fraca transparência na prestação de contas é bem conhecida. Não podemos, por isso, dizer que já há muito apoio às start-ups e às PMEs.” – opinou António Souto.
“Projectos e programas de fomento de start-ups e PME’s envolvem riscos e competências que não são do domínio de bancos, mas sim de instituições financeiras de desenvolvimento.
Os bancos têm de gerir e cuidar dos depósitos do público. As IFDs têm de ter competências na gestão de recursos para implementar esses projectos e assegurar impacto em metas e objectivos de desenvolvimento. A sustentabilidade é indispensável, mas o lucro não é a prioridade”, declarou ainda o representante da Gapi.
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