A analista da Control Risks que segue as economias lusófonas disse esta quarta-feira à Lusa que a ideia de o conflito na Ucrânia servir de catapulta para o sector gasista africano é exagerada devido aos desafios existentes na região.
“Ver este último desenvolvimento geopolítico entre a Rússia e o Ocidente como uma oportunidade para o gás da África subsaariana se catapultar para o palco mundial é subestimar os desafios existentes e exagerar a capacidade para [os países] os ultrapassarem”, disse Marisa Lourenço, em declarações à Lusa.
Em causa está a tentativa dos países ocidentais de diversificarem as compras de gás à Rússia, e a perspectiva de que os países africanos produtores de gás podem ser uma alternativa viável.
“Os países europeus vão certamente continuar a explorar as possibilidades de compras aos maiores produtores africano de gás, mas isto vai ser feito principalmente através de acordos casuísticos, e não uma mudança sísmica”, disse Marisa Lourenço.
De acordo com a analista, “o recente debate sobre as sanções à exportação de gás da Rússia mostrou que as nações europeias dificilmente vão virar as costas ao gás russo, por isso a África subsaariana é apenas uma parte do puzzle”.
A Rússia é a principal fornecedora de gás à Europa, representando 32% das compras dos países europeus, contra 8% da Nigéria, por exemplo, que é maior produtor de gás e petróleo na África subsaariana.
A principal dificuldade, afirmou Marisa Lourenço, é que “apesar de alguns países poderem ajudar a diversificação, o impacto só será visível dentro de dois ou três anos, porque o estado de desenvolvimento do mercado é ainda pouco maturo, o que significa que os produtores não estão preparados para aumentar a produção em grande escala, a que se juntam os altos riscos operacionais”.