A fuga em massa de reclusos da Cadeia Central de Matola, na província de Maputo, gerou explicações divergentes na noite desta quarta-feira entre a Ministra da Justiça, Helena Kida, e o Comandante-Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Bernardino Rafael.
Falando na noite de ontem ao canal privado, STV, Helena Kida disse que o incidente que ocorreu em pleno Natal, deveu-se a uma rebelião interna, enquanto que Rafael acusa os manifestantes de terem sido os causadores da “fuga” dos reclusos, numa das cadeias mais segura do país, BO.
Segundo a Ministra, o evento começou no lado da BO, onde um recluso saltou o muro para a Cadeia Central. A partir daí, a agitação propagou-se entre os detentos que estavam no pátio, culminando na rebelião.
“Há alguma informação que dá a indicação de que houve manifestantes do lado de fora, mas não foi essa a situação. A situação foi dentro do estabelecimento penitenciário”, esclareceu. Kida ainda destacou que os reclusos somavam mais de 2.500 e que, no momento, estava em curso a contagem para determinar o número exacto de fugitivos.
No mesmo dia, poucos minutos depois, Bernardino Rafael apresentou uma narrativa completamente diferente em conferência de imprensa. O Comandante-Geral afirmou que um grupo de “manifestantes subversivos” aproximou-se da cadeia, criando tumultos e incentivando a fuga dos reclusos. Segundo Rafael, a pressão externa teria causado o desabamento do muro que separa a Cadeia Central da BO, facilitando a evasão de 1.534 detentos.
E mais, Rafael responsabilizou directamente os manifestantes pelas mortes e ferimentos registrados no confronto. “Lamentamos profundamente as 33 mortes e os 15 feridos resultantes das ações dos manifestantes que incentivaram a fuga violenta”, afirmou.
Logo após a fuga, foi desencadeada uma operação conjunta entre a polícia e os militares de modo a neutralizar os detentos e devolvê-los às celas.
Desta operação de perseguição e busca pelas casas próximas, mais de 60 pessoas foram recolhidas, incluindo alguns indivíduos que não eram reclusos, segundo indica a publicação de Dossier e factos
A publicação indica ainda que dentro da cadeia houve execuções sumárias protagonizadas pelos militares e os agentes da Unidade de Intervenção Rápida (UIR), matando 33 pessoas a sangue-frio e ferindo gravemente outras 37. Alguns dos reclusos foram alvejados no interior das celas.
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