A Renamo realiza na próxima quinta-feira (16), na cidade de Nampula, o seu tão esperado Conselho Nacional, o primeiro desde as eleições do ano passado, em que saiu fragilizada. Para o académico moçambicano, Pedrito Cambrão, este encontro representa uma oportunidade decisiva para ultrapassar a crise sem precedentes que o partido atravessa.
“Espera-se que se coloquem os pontos nos ii, ou o preto no branco, para se sair do marasmo em que se encontra”, afirmou Cambrão, sublinhando que o evento não deve servir apenas para cumprir agenda, mas ser um verdadeiro espaço de aconselhamento e reposicionamento político.
Na sua análise, a Renamo precisa de se reinventar e fazer um verdadeiro “restart”, resgatando o seu papel como principal força da oposição e contribuindo para a consolidação da democracia em Moçambique. Contudo, alertou que a preparação do Conselho está marcada por fragilidades, como a falta de clareza na selecção dos convidados, que “não obedece critérios regimentais” e pode abrir espaço a contestação interna.
Citado pelo Jornal Rigor, Cambrão critica ainda a prevalência de preocupações em torno do status quo, em detrimento do crescimento e afirmação do partido. “Esse comportamento não é abonatório para uma força política com arcabouço histórico”, observou, acrescentando que a transparência é um requisito indispensável. “Sendo um partido que se intitula democrático, deve fazer uso desta prerrogativa. Duralex, sed lex” [a lei é dura, mas é de cumprimento obrigatório]”, frisou.
A Renamo vive um ambiente de instabilidade desde 2024, quando a liderança de Ossufo Momade foi acusada por sectores internos de “vender” os resultados eleitorais. O cenário levou ao encerramento de sedes provinciais e até da sede nacional, gerando tumultos, agressões e detenções de membros.
Para Cambrão, o Conselho Nacional “deve ser o ponto de viragem que permita à Renamo recuperar unidade, credibilidade e capacidade de mobilização, colocando os interesses do partido e do país acima de agendas pessoais”.
(Foto DR)


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