A Associação de Pequenos Importadores de Moçambique (Mukhero) alertou hoje para a escassez de produtos e subida de preços no mercado moçambicano face às longas filas de camiões na principal fronteira com a África do Sul.
“Quando a oferta é menor, maior é o preço”, disse à Lusa o presidente da Mukhero, Sudekar Novela, referindo que o caos de camiões leva à escassez de produtos no mercado grossista do Zimpeto, em Maputo, para onde é vendida a maior parte da mercadoria.
Em causa estão falhas de serviços fronteiriços na África do Sul que têm provocado quilómetros de filas de camiões pesados na fronteira de Komatipoort-Ressano Garcia para entrar em Moçambique, uma situação que aumentou os casos de assaltos na região, segundo as autoridades moçambicanas.
De acordo com Sudekar Novela, citado pela Lusa, os importadores arriscam e viajam para a África do Sul, apesar dos mais de 10 casos de assaltos registados pela associação, porque os consumidores moçambicanos dependem dos produtos importados naquele país.
“Continuamos a viajar porque também é o nosso ganha-pão. É um risco, mas aquele que conseguir escapar vai vender o produto e continuar a sustentar a sua família”, referiu o responsável, considerando que a situação “extremamente preocupante” e sugere que o país produza mais para reduzir as importações.
Na quarta-feira, o ministro dos Transportes, Mateus Magala, defendeu, o recurso ao transporte ferroviário pelos exportadores sul-africanos de minérios para o fim das longas filas de trânsito.
Sobre o relato de assaltos a automobilistas moçambicanos na África do Sul, Mateus Magala avançou que os governos dos dois países têm discutido possíveis soluções para o problema, apontando o desemprego como uma das causas da criminalidade.
As autoridades sul-africanas têm anunciado intervenções no sistema de registo na principal travessia entre os dois países, a 100 quilómetros de Maputo e a 450 de Joanesburgo, o que tem provocado paralisações por várias vezes nas últimas semanas.
Segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, o caos na principal fronteira entre Moçambique e África do Sul deve-se a um aumento extremo do fluxo de camiões registado nos últimos dois anos, sendo actualmente de cerca de dois mil por dia, contra a média de 600 camiões nos anos anteriores.
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