Cerca de 1.400 pessoas que fugiram de ataques armados de grupos rebeldes no distrito de Namuno, na província moçambicana de Cabo Delgado, e refugiadas no distrito de Nipepe, no Niassa, passam fome e carecem de ajuda de emergência, disseram à VOA nesta segunda-feira, 21, várias fontes locais.
O grupo faz parte da população que fugiu dos ataques nos finais de Outubro no distrito de Namuno, o décimo terceiro distrito de Cabo Delgado a ser atingido pela insurgência armada, ligada ao Estado Islâmico, e está abrigado em barracas precárias e salas de aulas e sem acesso a apoio alimentar no Niassa.
Ao todo, são cerca de 284 famílias que se refugiaram no distrito de Nipepe, no Niassa, depois de fugir do distrito vizinho de Namuno (Cabo Delgado), no ataque que matou por decapitação o líder local e sua esposa, incidente que provocou pânico em várias aldeias e que se seguiu a vários outros ataques.
“Falta-nos tudo. Uma pessoa desmaiou no domingo, 20, porque não tinha comida”, disse à VOA Faruk Abibo, um deslocado em Nipepe, afiançando que as autoridades governamentais estavam a preparar uma intervenção.
Outro deslocado disse que uma organização humanitária e algumas entidades governamentais tinham feito um levantamento das necessidades dos deslocados, mas nenhuma intervenção tinha sido feita até então, adiantando que muitos recebem “pratos de comidas dos moradores locais”.
O Governo local está a fazer um levantamento para minimizar o que classificou de “carência multiforme” dos deslocados, disse Dinis Vilankulo, governador da província de Niassa, citado pela estatal Televisão de Moçambique.
“Muitos só conseguiram fugir com a roupa do corpo”, acrescentou o governante, reiterando que os deslocados precisam de apoio de emergência.
Novos ataques
Um grupo armado atacou uma coluna militar em Nangade no domingo, 20, forçando um redobramento das forças armadas da Tanzânia, que coordena as operações militares da SAMIN (Missão Militar da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral), em Cabo Delgado.
Após um forte e longo confronto, o grupo terrorista capturou as viaturas militares em que seguiam os militares estrangeiros e destruindo outros camiões militares, segundo relatos à VOA de fontes próximas ao incidente e várias imagens postas a circular nas redes sociais.
A Polícia local e a SAMIN ainda não se pronunciaram publicamente sobre o incidente.
Noutra incursão, na noite de quinta-feira, 17, o grupo armado voltou a atacar a aldeia Nguida, cerca de 20 quilómetros da sede do distrito de Macomia, forçando a fuga da população que ainda resistia o cenário de insegurança
O incidente, disseram fontes seguras à VOA, forçou também o abandono por parte das Forças de Defesa e Segurança da única posição militar naquela aldeia após “forte confronto”, tendo os canais de propaganda do Estado Islâmico, que reivindicou o ataque, referido que cinco militares morreram outros ficaram feridos no incidente.
A província de Cabo Delgado enfrenta há cinco anos uma insurgência armada promovida por um grupo rebelde, com alguns ataques reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico, que já provocaram um milhão de deslocados, segundo ACNUR, e cerca de 4.000 mortes.
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