Várias comunidades na província de Sofala estão a perder espécies proibidas de plantas que arborizam cemitérios. O motim é a bolada desenfreada de licenças madeireiras em esquemas que envolvem elites políticas e as lideranças tradicionais.
A liderança política e os líderes tradicionais adquirem as licenças madeireiras junto do Departamento de Florestas, na Direcção Provincial da Agricultura, e as alugam a operadores de origem asiática. São estes que abatem as espécies proibidas com o aval politico.
As licenças, entretanto, apenas limitam as áreas de exploracao, que determinam o valor a pagar. Por exemplo, a taxa pela exploração de 1500 metros cúbicos de várias espécies, o que equivale a cinco camiões, pode chegar aos 750 mil meticais.
Só que, no terreno, o cenário é diferente. É que a contabilização já não se faz em metros cúbicos, mas em função da quantidade de carregamentos. Um camião cavalo, por exemplo, pode levar 500 metros cúbicos de madeira de espécie monzo, uma das mais procuradas, o que pode valer entre 350 mil a 500 mil meticais ao furtivo.
Pelo uso da licença do suposto dono da área, este chega a cobrar mais, pois a mesma licença pode ser usada para explorar em diferentes comunidades, desde que seja na área atribuída.
Devido à escassez de algumas das espécies mais cobiçadas em campos florestais, os furtivos mudaram de campo de acção, passando a atacar cemitérios tradicionais. Pelo menos sete cemitérios tradicionais foram alvo de invasão pelos furtivos, deixando as comunidades mais empobrecidas.
Os distritos de Caia e Chemba são os que mais registaram casos de saque de madeira nos cemitérios tradicionais.
Também na zona Sueiro, no início de Fevereiro, foram derrubadas várias árvores que ficavam nas imediações do cemitério comunitário. O abate resultou no carregamento de três camiões. Os camiões foram interpelados e levados ao Posto Policial de Chawawa. Os veículos foram devolvidos, mas as madeiras desapareceram do Posto Policial.
O líder, que autorizou o corte de madeira após a suposta recepção de dinheiro de madeira, desapareceu da sua comunidade por um período de três meses.
Igualmente, no regulado de Nhamaliwa, um jovem régulo mandou cortar madeira também num cemitério comunitário, mas acabou espancado pela população. Foi destituído. Teria aprovado licenças para membros da Frelimo que tinham anualmente suas licenças de exploração renovadas mesmo sem cumprimento de suas obrigações. (Fonte: Dossiers e Factos. Imagem: DR)
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