Cabo Delgado: Mulheres prostituem-se até por 20 meticais para sobreviver

Mulheres deslocadas devido ao terrorismo, na província de Cabo Delgado, vendem sexo para sobreviver, revela o Centro de Integridade Pública (CIP). Trata-se de mulheres que abandonaram centros de acolhimento e outras que vivem em casas arrendadas. Os preços variam entre 20 e 500 meticais.

O CIP aponta que os conflitos armados na província colocaram na situação de deslocados cerca de um milhão de pessoas, onde mais de 50% são mulheres e raparigas.

“A escassez de meios de subsistência, aliada a dificuldades de integração económica nas zonas de acolhimento, forçou mulheres e raparigas deslocadas a recorrer à venda de sexo como forma de sobrevivência”, lê-se no estudo do CIP.

O trabalho abrangeu os distritos de Pemba, Metuge, Montepuez e Chiúre onde estão aproximadamente 50% dos deslocados internos da província. Diz a ONG que a prática se deve à urgência de satisfazer as necessidades básica de sobrevivência.

A actividade é mais visível nos centros urbanos ou vilas-sede dos distritos de acolhimento, áreas onde a actividade é relativamente mais rentável. Os preços cobrados variam entre 20 e 500 meticais. E, nos centros de acomodação, que estão longe das zonas urbanas, o valor não passa de 100 meticais. “Depende da capacidade financeira do cliente ou da sua boa vontade”.

“Geralmente o valor arrecadado com a prostituição é usado para satisfazer as suas necessidades mais imediatas, como a compra de alimentos e produtos de higiene pessoal”, por exemplo, comprar um quilograma de farinha ou sabão, escreve o CIP.

As mulheres que optaram pela venda de sexo têm entre 20 e 40 anos de idade, geralmente viúvas ou cujos maridos foram raptados por terrorista. E as raparigas tem entre 15 e 19 anos de idade, “que por conta do conflito foram forçadas a assumir, muito cedo, responsabilidades sobre si e sobre os seus parentes menores”. As raparigas são o grupo preferencial de quem procura satisfação sexual.

Relacionados à venda de sexo, estão os crescentes diagnósticos de casos de Infecções de Transmissão Sexual incluindo o HIV na província. “Até 2020 a unidade sanitária diagnosticava por mês 3 casos de HIV em mulheres deslocadas. Em 2022 o número passou a 7 casos por mês, uma subida acima de 50%”, refere o CIP.

Este grupo de pessoas sofre violência (exploração e prostituição) sexual desde o início dos ataques terroristas. Algumas mulheres foram raptadas como escravas sexuais e outras vendidas como prostituas no mercado global de tráfico de seres humanos.

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