A invasão da Ucrânia pela Rússia “foi um enorme choque para os mercados das matérias-primas, alterando os padrões globais de comércio, produção e consumo de maneiras que vão manter os preços em níveis historicamente elevados até ao final de 2024”, apontam os autores do mais recente relatório sobre as Perspetivas de Evolução dos Mercados das Matérias-Primas.
“Os preços da energia deverão aumentar mais de 50% este ano, antes de abrandarem em 2023 e 2024”, dizem os autores do documento, que são citados pela Lusa, apontando que “os preços não energéticos, incluindo a agricultura e os metais, deverão subir quase 20% este ano, abrando também nos anos seguintes”.
No entanto, alertam, “os preços das matérias-primas deverão permanecer bem acima da média dos últimos cinco anos e em caso de uma guerra prolongada, ou de mais sanções à Rússia, os preços podem ser ainda mais altos e mais voláteis do que as projeções atuais apontam”.
O Banco Mundial (BM) prevê que o preço do petróleo de Brent fique nos 100 dólares, em média, este ano, o nível mais elevado desde 2013 e 40% acima da média registada no ano passado, descendo depois para 92 dólares em 2023, ainda assim bem acima da média de 60 dólares dos últimos cinco anos.
“Os preços do gás natural na Europa devem ser o dobro, este ano, do registado em 2021, ao passo que os preços do carvão deverão ser 80% maiores do que ano passado, com ambos os preços a baterem o recorde”, acrescenta o BM.
“O aumento nos preços dos alimentos e da energia por causa do choque na oferta motivado pela guerra na Ucrânia está a ter um impacto humano e económico muito pesado, e vai provavelmente parar o progresso na redução da pobreza, já que preços elevados da matérias-primas aumentam as já de si elevadas pressões sobre a inflação em todo o mundo”, comentou o diretor do Grupo de Pesquisa do Banco Mundial, Ayhan Kose, que produz o relatório.
O elevado preço das matérias-primas terá impactos globais, nomeadamente nos países que já enfrentam as maiores dificuldades, acrescentou o economista sénior deste grupo de pesquisa económica do banco: “Isto vai ter um impacto e efeitos prolongados; o forte aumento dos preços das matérias-primas, como energia e fertilizantes, pode levar a uma redução na produção alimentar, particularmente nos países em desenvolvimento, o que vai pesar na produção e na qualidade dos alimentos, afetando também a sua disponibilidade, o rendimento rural e as vidas dos pobres”, alertou.
Fonte: Lusa