Banco Mundial pondera aprovar até Junho novo acordo de financiamento com Moçambique

O Banco Mundial pondera disponibilizar 300 milhões de dólares em apoio directo ao Orçamento de Estado moçambicano, seis anos após a suspensão do modelo pelos parceiros internacionais, anunciou a representante da entidade no país.

“Estamos a falar de uma primeira parcela de 300 milhões de dólares, que nós esperamos que seja aprovada pela nossa administração até, no máximo, 30 de Junho”, declarou Idah Pswarayi-Riddihough, citada pela Lusa, em declarações após uma reunião com o ministro da Economia e Finanças, Max Tonela, em Maputo.

Trata-se da primeira ajuda do Banco Mundial directa ao Orçamento do Estado moçambicano desde a divulgação do chamado escândalo das dívidas ocultas, em 2016, que levou os parceiros internacionais a suspenderem ajuda financeira directa na sequência da divulgação de empréstimos de empresas públicas que não tinham sido anunciados nem ao parlamento nem aos doadores internacionais.

Embora acredite que o apoio será autorizado, a representante do Banco Mundial destacou a importância da conclusão das reformas que o Governo moçambicano tem estado a desenvolver para recuperar a confiança dos parceiros internacionais.

“As reformas estão quase completas e literalmente acho que as reformas que faltam serão concluídas até ao final deste mês”, declarou Idah Pswarayi-Riddihough, que vê a aprovação, na terça-feira, de um novo acordo de financiamento de cerca de 445 milhões de euros com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que também suspendeu o apoio directo ao Orçamento em 2016, como um passo importante para a recuperação da credibilidade de Moçambique no mercado internacional.

“A aprovação de um novo programa com o FMI dá um forte sinal para o mercado, mas principalmente para todos os parceiros de Moçambique”, declarou Idah Pswarayi-Riddihough.

Além dos 300 milhões de dólares que se espera que sejam aprovados em Junho, a representante do Banco Mundial disse que as partes vão discutir mais dois financiamentos diretos ao Orçamento do Estado nos próximos dois anos, num valor ainda desconhecido e que vai ser definido em função das reformas do Governo, com destaque para transparência nas contas e governação.

“Há várias reformas que estão em discussão, mas acho que a transparência e governação estão entre as mais importantes. São pontos que a sociedade civil tem sempre levantado”, declarou Idah Pswarayi-Riddihough.

Para a representante do Banco Mundial, o desenvolvimento económico e social de Cabo Delgado, província aterrorizada por uma insurgência armada desde 2017, deve permanecer entre as prioridades e o plano de reconstrução desenhado pelo Governo vai apresentar resultados.

“Posso dizer com alguma confiança que o plano que o Governo elaborou vai ser importante para os parceiros de desenvolvimento, garantindo uma forma coordenada de trabalho e, esperamos nós, bons resultados”, declarou.

O Banco Mundial e o FMI estão entre os vários parceiros internacionais que suspenderam a ajuda financeira directa ao Orçamento de Estado, tendo os dois apostado em ajudas financeiras pontuais no seguimento de catástrofes específicas e situações de emergência, como a pandemia de covid-19, os ciclones Kenneth e Idai, em 2019, ou a crise humanitária provocada pela violência armada em Cabo Delgado.

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