O continente africano deve prepara-se para uma crise mundial incontornável que se aproxima, alertou o Presidente do Banco de Africano de Desenvolvimento (BAD), Akinwumi Adesina, na última sexta-feira. Adesina advertiu que para evitar uma crise alimentar, a África deve expandir rapidamente a sua produção alimentar.
“O BAD já está a trabalhar para mitigar os efeitos de uma inevitável crise alimentar mundial através do Mecanismo Africano de Resposta à Crise Alimentar e de Emergência, fornecendo aos países africanos os recursos necessários para aumentar a produção alimentar local e adquirir fertilizantes”, disse Adesina, falando num debate sobre as prioridades do continente organizado pelo Centro Africano do Conselho Atlântico.
O responsável apelou a um maior sentido de urgência, no que ele considera de convergência de desafios globais.
“O meu princípio básico”, disse Adesina, “é que a África não deve estar a mendigar. Devemos resolver os nossos próprios desafios sem depender de outros”.
Disse o Presidente do BAD que os países mais vulneráveis do continente estão sob conflitos, sofrem mais com as alterações climáticas e viram-se impedidos de melhorara as suas economias devido a pandemia da covid-19. Recordou Adesina que a covid-19 eliminou cerca de 30 milhões de emprego tendo levado os países africanos a registar as mais baixas taxas do Produto Interno Bruto.
Na ocasião o responsável comparou os impactos da actual crise no leste europeu que já fez o preço do trigo subir cerca de 50%, tal como ocorreu com a crise mundial alimentar de 2008.
Acrescentou que os preços dos fertilizantes tinham triplicado, e que os preços da energia tinham aumentado, o que contribuiu para aumentar a inflacção.
Observou que 90% das exportações russas de quatro mil milhões de dólares para África em 2020 eram constituídas por trigo; e 48% das exportações ucranianas de quase três mil milhões de dólares para o continente eram constituídas por trigo e 31% por milho.