O director do departamento africano do Fundo Monetário Internacional (FMI) disse esta terça-feira que é preciso atacar as causas subjacentes ao conflito no norte de Moçambique e não apenas aumentar a despesa pública em gastos militares.
“É importante lidar com o desafio de segurança, mas é preciso também, quando os países estão a enquadrar as políticas de desenvolvimento, olhar para as causas subjacentes ao conflito; nalguns casos mais despesa militar não é a única solução, é preciso atacar as causas do conflito, sejam elas principalmente políticas ou internas, ou consequências de conflitos noutros sítios”, disse Abebe Aemro Selassie.
Falando no quarto Fórum sobre a Resiliência em África, durante o painel ‘O nexo entre segurança, crescimento económico e investimento’, no qual interveio também o ministro das Finanças de Moçambique, Selassie reforçou que “aumentar a despesa em segurança pode ser a primeira resposta política e económica, mas sem lidar com as causas subjacentes do conflito” não se consegue “andar para a frente”.
Na explicação dos efeitos económicos dos conflitos, Selassie apontou que outro dos problemas, além das questões humanitárias, é que as receitas dos países diminuem ao mesmo tempo que as despesas sobem.
“Um dos desafios que os países enfrentam face aos montantes de receita que têm, que são limitados, é que quando têm desafios de segurança, a despesa pública disponível para o investimento desce ainda mais, e ao mesmo tempo é preciso aumentar a despesa militar, e isso limita a capacidade de apostar no desenvolvimento do capital humano, e é aí que o FMI entra”, salientou.
O Fundo já apoiou 39 países em África durante o último ano e meio, o que é 13 vezes o montante normal, chegando a cerca de 30 mil milhões de dólares, que se juntam aos 33 mil milhões de dólares que foram canalizados através da alocação de Direitos Especiais de Saque para o continente.
Agência Lusa