António Guterres quer reformar “arquitectura financeira global” para responder a desafios actuais

António Guterres quer reformar “arquitectura financeira global” para responder a desafios actuais

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, defendeu esta quarta-feira a necessidade de se reformar a “arquitectura financeira global” para que responda melhor aos desafios actuais. A intenção é de que esse debate aconteça já na Cimeira do Futuro, marcada para Setembro deste ano.

Numa intervenção diante da elite mundial reunida no Fórum Económico de Davos, António Guterres defendeu que, com o crescimento de várias economias emergentes, como a China e a Índia, é preciso um reequilíbrio de poderes, que seja coerente com aquele que é o peso de cada país na economia mundial.

“Vivemos num sistema económico que foi desenhado depois da Segunda Guerra Mundial e basicamente desenhado pelos países desenvolvidos. E vemos as economias emergentes com um peso cada vez maior na economia global, mas não um peso semelhante nas instituições que governam a economia global”, referiu.

Entre as instituições que António Guterres considera que devem ser reformadas está o Conselho de Segurança da ONU e “o sistema de Bretton Woods”, que deu origem ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e ao Banco Mundial, ambos criados “há 80 anos”.

António Guterres sublinhou que essa mudança “não acontecerá da noite para o dia”, mas “é essencial e possível”. Espera, por isso, que os diferentes Estados-membros da ONU apresentem propostas de reforma à arquitectura financeira atual na Cimeira do Futuro promovida pela ONU em Setembro.

O secretário-geral da ONU argumentou que só com essa reforma será possível aos líderes mundiais enfrentarem as “ameaças existenciais” colocadas pelos desafios actuais, como é o caso das alterações climáticas e do “desenvolvimento desenfreado” da inteligência artificial (IA), para os quais não há “uma estratégia global eficaz para lidar com eles”.

“As divisões geopolíticas estão a impedir-nos de nos unirmos em torno de soluções globais”, frisou, salientando que 2023 foi “o ano mais quente de que há registo” e é preciso “urgentemente” que “os Governos trabalhem com as empresas de tecnologia em estruturas de gestão de risco para o desenvolvimento actual da IA e na monitorização e mitigação de danos futuros”.

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