O brigadeiro-general português João Carlos de Bastos Jorge Gonçalves, antigo piloto de F-16 da Força Aérea Portuguesa (FAP), vai passar a liderar a Missão de Treino da União Europeia em Moçambique (EUTM-MOZ, em inglês).
A cerimónia de transferência de comando daquela missão, segundo um comunicado da EUTM-MOZ citado pela Lusa, actualmente liderada pelo comodoro fuzileiro Rogério Paulo Figueira Martins de Brito, está agendada para sexta-feira, 15 de Setembro, no Quartel-General da Missão de Treino da União Europeia em Moçambique, em Maputo, e será presidida pelo tenente general Michiel Van Der Lann, director da Capacidade de Planeamento e Condução Militar da União Europeia (UE).
De acordo com informação da FAP, numa nota divulgada esta terça-feira, o brigadeiro-general João Carlos de Bastos Jorge Gonçalves, de 54 anos, já comandou a Zona Aérea dos Açores e foi director das Operações Aéreas do Comando Aéreo. Antes foi piloto instrutor e, entre outras competências, realizou mais de 1.600 horas de voo em aviões F-16 e adquiriu todas as qualificações em F-16A.
O actual comandante desta missão de treino em Moçambique, o também português Rogério Martins de Brito, afirmou em 26 de Julho passado que as forças especiais moçambicanas treinadas pela UE para o combate ao “terrorismo” em Cabo Delgado registam no terreno uma prestação “extremamente positiva”.
“A informação neste momento é extremamente positiva, é diferenciadora, é, de facto, remuneradora para aquilo que é o esforço geral das FADM [Forças Armadas de Defesa de Moçambique] em Cabo Delgado”, afirmou.
Treinados para serem forças de reacção rápida (QRF, em inglês) e adaptados aos desafios impostos pela insurgência na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, os elementos daquelas unidades estão dotados de características especiais como elevada mobilidade, prontidão, flexibilidade, interoperabilidade e capacidades de comando e controlo, avançou.
Segundo Martins de Brito, o balanço da actuação das QRF em Cabo Delgado tem sido feito junto da EUTM-MOZ pelo comando das FADM e pelas missões militares da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) e do Ruanda, que também combatem os rebeldes naquela província.
Admitindo que a actuação das unidades em causa tem conhecido “alguns pequenos insucessos”, alertou que a “erradicação do terrorismo” não será conseguida apenas com o recurso às QRF, porque este tipo de dispositivo está talhado para “operações cirúrgicas” e não actua como forças regulares, que estão preparadas para a ocupação de território e patrulhamento de rotina.
O comandante da EUTM-MOZ destacou que as forças especiais moçambicanas estão envolvidas em acções ofensivas contra os rebeldes, num quadro de actuação conjunta com as forças regulares moçambicanas, da SADC e do Ruanda.
“Desde que cheguei, [para chefiar a missão] há dez meses, vejo claras melhorias na coordenação, comando, comunicação, mobilidade e interoperabilidade”, enfatizou, na ocasião, Rogério Martins Brito.
Com um mandato de dois anos, iniciado em Setembro de 2022, a EUTM vai avaliar com as autoridades moçambicanas o futuro da sua presença em Moçambique, até ao final deste ano, mas já formou cerca de 60 instrutores moçambicanos que vão continuar o treino de forças especiais do país, avançou.
Além de proporcionar treino operativo às QRF, a EUTM-MOZ tem também fornecido equipamento de combate aos membros dessas unidades, ultrapassando já 80 milhões de euros o valor do apoio material prestado.
O mandato da EUTM-MOZ prevê a formação de 11 unidades de QRF moçambicanas, sendo que cada uma tem uma composição equivalente a uma companhia militar.
A actual missão é constituída por um contingente de 117 pessoas, 65 das quais de Portugal, país que também assume o comando da EUTM-MOZ.
A província de Cabo Delgado enfrenta há quase seis anos a insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
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