Alunos deslocados por conta das acções dos grupos armados na província de Cabo Delgado pediram esta sexta-feira ao Governo maior divulgação de iniciativas para projectos juvenis de auto-emprego.

“Devem divulgar mais, nos média, para sabermos como aderir, isso pode ajudar a nossa província de forma geral e, principalmente, aos jovens de distritos afectados pelo terrorismo”, disse Issa Machude, 17 anos, à Lusa.

O estudante do 12.º ano na Escola Secundária de Pemba, falava à margem de uma palestra que contou com a presença da diretora provincial da Juventude e Emprego, Maria Carrilho, na capital provincial de Cabo Delgado.

Em causa estão as iniciativas que têm estado a ser desenvolvidas pelo Governo e parceiros para as camadas mais jovens face ao desemprego e a falta de oportunidades, apontados por diversos observadores como algumas das causas de recrutamento de jovens de Cabo Delgado para os grupos rebeldes.

Para Alberto Mané, outro jovem deslocado que estuda na Escola Secundária de Pemba, a criação e divulgação de iniciativas para fazer face ao desemprego é fundamental para as camadas mais jovens, que têm tido poucas opções.

“Eu, por exemplo, não conheço nenhum dos programas que existem para jovens”, afirmou Alberto Mané.

A directora provincial da Juventude e Emprego, Maria Carrilho, reconhece que a maior parte da juventude deslocada desconhece os programas, mas reitera que o Governo tem estado a trabalhar para a criação de oportunidades para esta camada da população em Cabo Delgado.

“A Secretaria de Estado tem estado a realizar vários programas, nomeadamente Meu Emprego, Fundo de Apoio a Iniciativas Juvenis, Prémio Jovem Criativo, e outros. É verdade que eles não conhecem esses programas, mas é por isso que nós estamos aqui para fazer a divulgação”, declarou Maria Carrilho.

Há 784 deslocados internos, devido ao conflito, de acordo com a Organização Internacional da Migração (OIM), e 4.000 mortes, segundo o projecto de registo de conflitos ACLED.