Alterações climáticas são “ameaça existencial às megacidades” africanas

As nações africanas precisam de desenvolver estratégias para enfrentar as alterações climáticas, que representam uma “ameaça existencial às megacidades do continente”, afirmou ontem o Presidente gabonês, Ali Bongo, em declarações numa conferência em Libreville.

A capital do Gabão recebeu esta quarta-feira a terceira conferência da Semana Africana do Clima, destinada a preparar mais de um milhar de funcionários e especialistas africanos para as posições que os países do continente irão apresentar na 27.ª conferência anual das Nações Unidas sobre o clima, a realizar no Egipto em Novembro.

“A mudança climática é um desafio profundo em África e um grande desafio do nosso tempo, que amplia as desigualdades sociais, políticas e económicas existentes”, sublinhou Patricia Scotland, secretária-geral da Commonwealth, em declarações no encontro citadas pela Associated Press e pela Lusa.

Esta terceira semana climática africana decorre num contexto de eventos climáticos particularmente extremos, como a seca na África Oriental e no Corno de África, tempestades de areia e calor extremo na região do Sahel, na África Ocidental, e cheias repentinas destrutivas, e tempestades, incluindo ciclones, na África Central, Ocidental e Austral.

Sameh Shoukry, ministro dos Negócios Estrangeiros egípcio, lamentou na qualidade de anfitrião da conferência das Nações Unidas que as promessas feitas aos países africanos de os ajudar a combater as alterações climáticas não tenham sido cumpridas.

“A comunidade internacional está a ficar para trás em matéria de mitigação, adaptação e finanças. Várias promessas sobre mitigação e financiamento da adaptação às alterações climáticas celebradas [na Cimeira do Clima, no final de 2021] em Glasgow estão ainda por cumprir”, afirmou o chefe da diplomacia do Egipto.

Shoukry considerou “o recuo nos compromissos de muitos países desenvolvidos” como “motivo de preocupação” para muitos países africanos, sublinhando que “o atraso na entrega do financiamento climático continua a afectar os esforços de África para contribuir para o esforço global contra as alterações climáticas”.

A agenda da conferência da semana climática africana inclui outras preocupações críticas do continente, nomeadamente a segurança alimentar, os mercados de carbono, os migrantes climáticos, e a resiliência costeira.

Os sistemas de alerta precoce climático, a gestão integrada da água para fazer face à escassez e a cooperação internacional para impulsionar a acção climática serão outras questões em debate.

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