O grupo V20, constituído pelas nações mais vulneráveis às mudanças climáticas, vai pedir em cimeiras do clima do futuro que os países mais ricos comecem a criar planos para colmatar os efeitos das alterações climáticas nas nações que mais sofrem.
Esta segunda-feira, o V20 apresentou novas propostas para os países de maior rendimento pagarem pelos danos e perdas em países mais vulneráveis. O assunto deverá ser debatido na próxima cimeira do clima, que começa a 6 de Novembro no Egipto.
A ministra do Ambiente das Maldiva explicou ao Guardian e citado pela Lusa, que o falhanço dos países mais ricos em ajudar países mais pobres levou os mesmos a criarem uma resiliência diferente para lidar com catástrofes naturais como furacões e cheias.
“A razão pela qual falamos de perdas e danos é porque falhámos na adaptação financeira durante anos”, explicou Shauna Aminath. A promessa de países mais ricos de canalizar 100 mil milhões de dólares até 2020 não foi cumprida e o dinheiro que é entregue vai para projectos em países de média dimensão, em vez de ajudar os mais pobres a adaptarem-se às alterações climáticas.
Houve dinheiro para a Ucrânia, mas não para o clima
Aminath lembrou que os países mais ricos conseguiram lidar financeiramente com a crise pandémica e ajudaram a Ucrânia. “Por isso, é muito óbvio que o problema não é falta de fundos ou falta de tecnologias. O problema é a falta de vontade política e a recusa em ver as alterações climáticas como uma emergência”.
Para Shauna Aminath, ministra do Ambiente das Maldivas, a resposta destes países não pode ser apenas de resposta às crises imediatas, mas tem de pensar nas consequências sociais de uma catástrofe, lembrando questões de saúde e educação.
“Estes são assuntos sociais que são deixados para trás depois de doadores irem embora. Existem depois problemas internos que resultam em problemas de integração social, também muito importantes”, continuou Aminath.
O grupo V20 quer fazer notar que é o G20, grupo das 20 maiores economias do mundo, que causa cerca de 80 por cento das emissões mundiais de gases de estufa e que pouco tem feitos nestes últimos tempos para limitar as emissões carbónicas.
O V20 quer propor uma taxação a produtores de gás e petróleo cuja receita possa ser reconduzida para um fundo de pagamento de perdas e danos. Sendo pouco provável que a Cop27 adopte a medida, pode, no entanto, haver assim um avanço de novas propostas para angariar dinheiro para esta causa.
Aminath afirmou ainda que grandes instituições bancárias como o Banco Mundial deviam ter um papel mais participativo na questão, juntamente com o Fundo Monetário Internacional. A ministra do Ambiente das Maldivas não acredita que tais assuntos sejam resolvidos na cimeira do clima, mas não deixa de assinalar que pode haver aí importantes progressos.
“Espero que possamos começar a pensar em perdas e danos de uma maneira mais significativa que não fique perdida na retórica política”, concluiu Aminath.
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