Especialistas e responsáveis africanos consideram que há necessidade de levar as vacinas anti-covid-19 das prateleiras para os braços das pessoas em África.
Segundo a directora-executiva da Unicef, Henrietta Fore, que falava numa reunião ministerial realizada esta segunda-feira para discutir a estratégia continental da União Africana para responder ao covid-19 – melhorar a prevenção, monitorização e tratamento, muitos países em África não estão a conseguir vacinar ao ritmo das doses que recebem.
Fore, disse que, enquanto no ano que agora termina a preocupação relativamente à vacinação contra a covid-19 em África foi fazer chegar doses suficientes ao continente, em 2022 o foco terá de ser levar as vacinas “aos braços” dos africanos.
“Os países não estão a absorver as vacinas. Apesar dos nossos esforços, os países não foram abastecidos com os produtos certos, nos volumes certos, com os prazos de validade certos e com a visibilidade certa”, disse a directora-executiva da Unicef.
A responsável sublinhou ainda que a resistência à vacinação, que tem sido apontada como a causa do atraso na administração das vacinas, não é maior no continente do que no resto do mundo, sendo que 83% da população da África Oriental e Austral e 75% da população da África Ocidental e Central aceitariam as vacinas anti-covid-19 se tivessem acesso.
Por sua vez, a secretária executiva da Comissão Económica das Nações Unidas para África (UNECA), Vera Songwe, disse que 23 dos 54 países africanos usaram até agora menos de 50% das vacinas que têm.
“Essencialmente hoje o primeiro problema que temos é (…) como levar as vacinas das prateleiras ou dos portos para os braços das pessoas”, disse a economista, apelando aos ministros da Saúde africanos que trabalhem numa campanha de vacinação que leve a taxa de vacinação dos actuais 8% para pelo menos 45% até Março, para que se alcance a meta de 70% até ao final de 2022.