Os tempos mais difíceis para as famílias africanas parecem estarem a caminho. Antevê-se ainda uma subida generalizada dos preços e pouco poder de compra. É pelo menos essa, a conclusão dos analistas da consultora Oxford Economics Africa.
Segundo uma nota destes analistas, a inflação vai ter um impacto sério no consumo das famílias, que vai alastrar-se à procura interna em todos os sectores e, em última análise, ao desemprego.
A consultora Oxford considera que nem mesmo a revisão em alta da previsão de crescimento do FMI para África implicará uma melhoria para os africanos, explicando-se pela subida dos preços da energia.
“A revisão em alta das Previsões Económicas Mundiais relativamente à produção em África é um resultado da revisão em alta das previsões dos preços da energia e não significa que a perspetiva de evolução da actividade económica real é melhor”, escrevem os analistas numa nota enviada aos clientes.
Na nota, os analistas referem que a subida dos preços, de resto, “já está a ter efeitos disruptivos no tecido social no norte de África, o que sustenta a nossa previsão de que o risco político naquela região está com uma tendência negativa”.
Em causa está a forte dependência de vários países africanos das importações de cereais e de fertilizantes da Ucrânia e da Rússia, cujas exportações foram praticamente paradas devido à invasão da Ucrânia pela Rússia.
O FMI reviu em ligeira alta a previsão de crescimento para a África subsaariana esta semana, no âmbito das novas estimativas apresentadas nos Encontros Anuais, que decorrem a partir de Washington, em conjunto com o Banco Mundial.
“Apesar de as previsões das Perspetivas Económicas Mundiais para África serem menos pessimistas que para outras regiões, por exemplo comparando com a revisão em baixa de 1,1 pontos para a zona euro, a visão sobre os preços motiva preocupações sérias”, apontam os analistas.
O FMI prevê que a inflação suba para os 13,4% este ano e 10.8% em 2024 na região do Médio Oriente e do Norte de África, motivada pela guerra na Ucrânia e pela exposição da região aos preços dos bens alimentares, principalmente do trigo.
“Apesar da média regional ser empurrada pelos números muito altos do Sudão e do Irão, as previsões superiores a 7% na Argélia, Tunísia e Egito são notáveis e preocupantes”, diz a filial africana desta consultora britânica.
Para a África subsaariana, o FMI prevê que os preços subam 12,2% este ano e 9,6% no próximo ano, com as maiores subidas a serem registas na Etiópia, onde a inflação chegará aos 35%, e Angola, onde os preços deverão subir 20% este ano face a 2021.