África e Europa podem assinar um acordo anti Rússia

África e Europa podem assinar um acordo anti Rússia

Os continentes africano e europeu podem chegar a um acordo anti-Rússia com quatro pontos fundamentais, segundo um artigo de opinião assinado pelo Alto-Representante da União Europeia (UE) para a Política Externa, Josep Borrell e publicado hoje pelo Daily Nation, do Quénia.

Citado pela Lusa, o documento refere que o primeiro ponto é que “a Europa, a África e o mundo inteiro não podem aceitar um mundo de ‘poder faz bem’, onde grandes potências podem reivindicar ‘esferas de influência’ e atacar os vizinhos para anexar o seu território”.

O alto-representante propõe defender e revitalizar a ordem multilateral, daí o seu apoio à exigência do continente de que a União Africana tenha um assento no G20, grupo de 20 países desenvolvidos e emergentes.

Em segundo lugar, Borrell defende “o alívio da crise alimentar” em muitos países africanos, causada em parte pela disputa na Ucrânia, um importante fornecedor de cereais para o continente.

“Outros tentam distrair a atenção da sua responsabilidade culpando as sanções da UE [à Rússia]. Mas estes não proíbem os países africanos de importar e transportar produtos agrícolas russos ou de pagar por eles. A guerra é o problema”, argumentou.

O terceiro ponto é intensificar o trabalho conjunto para preservar a segurança do continente africano, e neste campo, a UE é o “parceiro mais fiável” de África, apoiando 11 missões de manutenção da paz, disse.

“A Rússia contribui com 78 pessoas de segurança para as operações de manutenção da paz da ONU em África, em comparação com os 6.000 da UE. Mas a Rússia também contribui para a deterioração da situação de segurança em África com várias centenas de mercenários de empresas militares privadas, como vemos no Mali e na República Centro-Africana”, acrescentou Borrell.

Finalmente, o chefe da diplomacia europeia considera que “África e a Europa devem continuar a preparar-se para o futuro, e não regressar ao passado”.

“Embora o colonialismo seja uma mancha indelével na consciência da Europa, enfrentar a nossa responsabilidade pelo passado fez de nós melhores parceiros para o futuro. A Europa está a olhar para África com novos olhos: com otimismo e confiança”, referiu.

O chefe da diplomacia da UE começa hoje uma visita de dois dias a Moçambique, em que vai reunir-se com o Presidente, Filipe Nyusi, e entregar equipamento não bélico para apoiar o combate em Cabo Delgado.

Na sexta-feira, Borrell vai visitar a Missão de Formação Militar da União Europeia no país, no campo de treino da Katembe, “onde vai testemunhar a cerimónia de entrega de equipamento financiado pelo Mecanismo de Paz Europeia”.

A missão apoia o treino de unidades de reação rápida das Forças Armadas de Defesa de Moçambique e conta com 119 membros de 12 países.

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