Artigo do jornalista Sérgio Simão
O Mundo acompanha, nos últimos dias, com tristeza e indignação, a “invasão” das tropas russas ao território ucraniano. As perspectivas de análise, sobre esse confronto, têm-se mostrado diversas; umas condenam as armas de Putin e outras defendem o povo ucraniano e vice-versa.
O embaixador da Rússia em Moçambique, Alexander Surikov, concedeu uma entrevista ao semanário “Canal de Moçambique” onde disserta sobre a sua visão, a estratégia militar do seu país e o objectivo da “visita” militar da Rússia à Ucrânia.
Surikov refere que a “NATO tem o objectivo de destruir a Rússia, desde os tempos da União Soviética. Quando a NATO se instala na Ucrânia, a cinco minutos de Moscovo (quando percorridos por um míssil), para nós representa um perigo total. É um perigo concreto contra a soberania russa”. Ora, ainda debaixo da “rivalidade” entre a Rússia e a NATO, o embaixador de Putin, nessa entrevista, tomou a NATO por um bloco agressivo e de ingerência de assuntos internos dos países soberanos.
Se por um lado, analistas e especialistas invocam a violação do Direito Internacional, soberania da Ucrânia, por parte russa; Surikov defende Putin e afirma que “nós não atentamos contra a soberania da Ucrânia, nós atentamos contra a máquina militar e nazi que se radicou naquele país”. A entrada russa no território ucraniano é visto por Surikov como sendo um cumprimento daquilo que decidiu o Acordo de Nuremberg (Alemanha), que castigou os nazis alemães e proclamou que a maior tarefa dos países vencedores, os aliados, era manter a Europa desmilitarizada.
“Quase tudo o que os ‘media’ ocidentais dizem é falso. Tudo o que a CNN e a BBC mostram e dizem é praticamente mentira. O Ocidente vive de mentira, é um império da mentira.”, refere o embaixador durante a entrevista quando questionado sobre o que Putin chamou de “império da mentira”, o Ocidente.
A imprensa internacional tem reportado diversos ataques a civis, por parte da força russa, o que é classificado por Surikov como sendo mais um produto, um simulacro do “império da mentira”, que é o Ocidente. “Os alvos da operação russa visam exclusivamente a máquina militar agressiva ucraniana, depósito de armas, aeroportos e toda a infra-estrutura envolvida em ataques desumanos. Nenhum alvo civil foi atingido. São precisas as ordens do Sr. Putin e do ministro da Defesa. Nós quando capturamos um soldado ucraniano, ele deixa as armas e vai para casa, porque eles não são os nossos inimigos”.
Nessa mesma entrevista, Surikov diz que a entrada russa no território ucraniano não é propriamente uma invasão, pois a Rússia não pretende hostilizar a Ucrânia.